A junta militar, no poder em Myanmar, acusou a líder deposta Aung San Suu Kyi de cinco novos crimes, apesar de já ter sido condenada a seis anos de prisão e enfrentar vários processos judiciais.

Os militares acusaram agora a vencedora do Prémio Nobel da Paz, em conjunto com o Presidente deposto Win Myint, de alugar um helicóptero, informaram fontes próximas do caso citadas pela agência espanhola de notícias Efe.

As acusações foram apresentadas na tarde de sexta-feira, durante outro julgamento sobre outros alegados crimes de corrupção cometidos pela “dama”, como é carinhosamente chamada pelo povo birmanês a líder de 76 anos.

Em dezembro, o jornal oficial The Global New Light of Myanmar – controlado pelos militares – acusou os dois líderes depostos de violarem as normas financeiras e causar prejuízos económicos ao Estado ao alugar e comprar helicópteros.

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A política, que está detida desde as primeiras horas do golpe militar realizado em 01 de fevereiro de 2021, cumpre pena em local desconhecido, e é também acusada de violar a Lei dos Segredos Oficiais, crime punível com uma pena máxima de 14 anos de prisão.

O golpe de Estado mergulhou Myanmar (antiga Birmânia) numa profunda crise política, social e económica e abriu uma espiral de violência, com o aparecimento de novas milícias civis que agravaram a guerra de guerrilhas que o país vive há décadas.

O Exército justifica o golpe com uma alegada fraude nas eleições gerais de novembro de 2020, cujo resultado foi anulado e em que o partido de Suu Kyi teve, tal como em 2015, uma vitória avalizada pelos observadores internacionais.

Pelo menos 1.469 pessoas morreram como resultado da brutal repressão realizada pela polícia e militares desde o golpe, sobretudo em manifestações em que a polícia disparar balas reais sobre os manifestantes pacíficos, segundo os relatórios diários da Associação de Assistência aos Presos Políticos, que também refere existirem mais de 11.550 opositores ao regime presos, incluindo Suu Kyi.

Na segunda-feira, Suu Kyi tinha sido condenada a mais quatro anos de prisão, por, entre outras acusações, importar ilegalmente ‘walkie-talkies’.

A ex-líder de Myanmar também tinha sido condenada, em dezembro, a quatro anos de detenção por violação das restrições associadas à covid-19, pena que foi reduzida para dois anos pelos generais no poder, encontrando-se a cumprir esta primeira pena no local onde foi detida.