A GEBALIS – Gestão do Arrendamento da Habitação Municipal de Lisboa revelou esta segunda-feira que as dívidas de rendas somam 45,3 milhões de euros até ao final de 2021, dos quais “cerca de 40,4 milhões de euros são imparidades”.

Houve um total de 3.366 acordos com os moradores dos nossos bairros [para o pagamento das rendas em atraso] e estão a cumprir esses acordos 1.384, portanto há cerca de 2.000 acordos que não estão a ser cumpridos, […] muitos moradores utilizam estes acordos para arranjar expedientes para não pagarem e para atrasar, afirmou o presidente do conselho de administração da GEBALIS, Fernando Teixeira.

No âmbito de uma audição sobre o orçamento municipal para 2022, realizada por videoconferência, com os deputados da Assembleia Municipal de Lisboa, o presidente da GEBALIS apresentou o plano de atividades da empresa municipal para este ano, em que se prevê um total de rendimentos e ganhos de 30,3 milhões de euros, dos quais 20,9 milhões de euros em rendas (69% do total do volume de negócios).

O total previsto de despesa com fornecimentos e serviços externos é de cerca de 22,5 milhões de euros, nomeadamente 5,3 milhões de euros para gastos de estrutura (24%) e 17,2 milhões de euros para obras (76%).

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Quanto ao investimento, prevê-se um total de 1,2 milhões de euros, inclusive para melhoria das condições de trabalho e atendimento ao público.

Questionado pelos deputados sobre as dívidas por falta de pagamento de rendas, Fernando Teixeira informou que “as dívidas no dia 31 de dezembro de 2021 perfaziam um total de 45,3 milhões de euros, destes cerca de 40,4 milhões de euros são imparidades”.

Relativamente aos acordos para pagamento de rendas em atraso, a GEBALIS recebeu cerca de 861 mil euros em 2021, indicou o administrador da empresa municipal, referindo que “esta dívida acordada dá qualquer coisa como 18,2 milhões de euros e já foi recebido 2,8 milhões de euros desses acordos”.

Em relação aos fogos habitacionais que estão indevidamente ocupados, a empresa pretende “reatar brevemente” as desocupações, processo que foi “bastante prejudicado” pela situação pandémica, expôs o presidente do conselho de administração da GEBALIS, adiantando que em 2019 foram realizadas cerca de 150 desocupações e entre 2020 e 2021 pouco mais de uma dezena.

Fernando Teixeira frisou que o plano de orçamento para este ano foi elaborado pela anterior administração da GEBALIS, sob a presidência de Pedro Pinto Jesus, acrescentando que não foram feitas alterações pelo atual conselho de administração da empresa.

Pretendemos melhorar, substancialmente, o atendimento aos nossos moradores quer presencialmente, quer com outros meios que existem nos nossos dias, portanto pretendemos no segundo trimestre ter as obras do gabinete do Vale de Alcântara, adiantou o responsável.

Ainda segundo Fernando Teixeira, o gabinete do bairro Padre Cruz é para manter, pelo que está em fase de projeto para depois entrar em obra, e o gabinete da Alta de Lisboa, onde era o antigo posto de saúde do Lumiar, também está a ser alvo de uma intervenção que se prevê concluída no segundo semestre deste ano.

De acordo com a apresentação feita aos deputados municipais, a GEBALIS tem 66 bairros, 61.174 residentes, 21.848 fogos, 2.617 lotes, 1.180 elevadores e 1.484 espaços não habitacionais, com cinco zonas de intervenção, 11 gabinetes de bairro e 223 trabalhadores.

Sobre o Projeto Community Champions League da European Football for Development (EFDN), uma competição de futebol dirigida às comunidades, o presidente da GEBALIS assegurou que a iniciativa “é para continuar e, se possível, a ideia é alargar a outras entidades este tipo de projetos”, no sentido de melhorar todo o envolvimento que existe nos bairros municipais.

Quanto ao programa LIFE, que incorpora princípios de inovação na requalificação de habitações, a empresa municipal pretende continuar esse trabalho, inclusive tem uma obra em curso no bairro da Flamenga, em Marvila, e vai lançar outra no bairro da Boavista, em Benfica.