No dia em que Jerónimo de Sousa teve alta hospitalar, João Ferreira — e o PCP — continua a contornar o assunto da sucessão da liderança comunista e garante que, mesmo com o regresso do “rosto mais conhecido do partido” esta não se irá tornar “uma campanha de um homem só”.

“Esta não é uma campanha nem de um homem, nem dois, nem três. É de muitos milhares de homens e mulheres, é sempre assim e irá continuar a ser assim. Jerónimo de Sousa é o rosto mais conhecido desse imenso coletivo”, apontou o comunista afirmando o “desejo e convicção” de que o regresso do secretário-geral “aconteça o mais rapidamente possível”.

“A substituição que todos desejamos neste momento é o regresso em pleno de Jerónimo de Sousa”, respondeu João Ferreira à questão sobre a sucessão da liderança partidária.

O comunista mais experimentado em atos eleitorais diz, ainda assim, que “preferia que estivesse Jerónimo de Sousa” no lugar que atualmente ocupa (ele que ficou responsável pela volta comunista até ao regresso do secretário geral), mas frisando que isso “não significa que não entregue a esta tarefa o melhor das suas capacidades e energia”.

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Em terra antifascista João Ferreira volta a atirar ao PS: “Está afastado da realidade”

Na tarde desta segunda-feira, a caravana comunista rumou uma vez mais ao Couço, em Coruche, para agradecer o apoio das gentes “que nunca falham à CDU” e comprometer-se com os próximos tempos. Uma ação que espelha o foco de campanha da CDU: marcar presença onde é mais forte para garantir o eleitorado fiel. O cabeça de lista por Santarém, António Filipe, abriu a intervenção dedicada à terceira idade — o que não era difícil de perceber olhando para as cadeiras ocupadas na Casa do Povo do Couço — a elogiar a “terra heroica” e a falar das “lutas do presente” que se fazem para impedir o encerramento de serviços essenciais.

Naquilo que pode bem ser uma profecia para o futuro comunista, com João Ferreira a ser apresentado como “o camarada que vem a seguir”, o atual vereador da CDU em Lisboa fez um discurso de cerca de meia hora a lembrar as “conquistas”  que a Coligação Democrática Unitária conseguiu no Parlamento e a criticar alta voz os socialistas.

Com o foco nas questões acessórias à idade, João Ferreira lembrou o aumento extraordinário das pensões, além do descongelamento “que constava do programa eleitoral do PS, nada mais além disso” e que “o ano não começa em agosto”. “Tendo condições, o PS não quis aumentar as pensões já em janeiro. Mesmo estando em duodécimos era possível”, diz João Ferreira enquanto falava para a população envelhecida do Ribatejo.

Nas críticas aos socialistas, diz Ferreira que o PS está em total “afastamento em relação à realidade dos trabalhadores, pensionistas e reformados” e que “não faz ideia das dificuldades que as populações passam”.

E como a idade também é sinónimo de maiores carências na área da saúde, os comunistas lembram o encerramento do atendimento médico permanente na freguesia e a necessidade de percorrer vários quilómetros para ser atendido. “Os problemas do SNS não apareceram com a pandemia, agravaram-se com a pandemia”, frisou o candidato comunista a fazer as vezes de secretário-geral.

No Couço, em 2019, a CDU foi a primeira força política, conquistando 600 votos (o PS em segundo teve 460). Em 2015 tinha conseguido 839 e o PS 439. O número de inscritos de um sufrágio para o outro desceu cerca de três centenas e a adesão às urnas foi também menor em 2019. Agora, a CDU assinala mais uma passagem na freguesia para não deixar escapar votos.