Embora o Ano Novo seja celebrado no mundo ocidental na passagem do dia 31 de dezembro para 1 de janeiro, algumas regiões mantêm tradições próprias que divergem desta data.

Burghead, numa vila no condado de Moray, na Escócia, é exemplo dessa diferença. Esta segunda-feira, dia 17 de janeiro, deu-se a queima do Clavie, um barril gigante cheio de aparas de madeira e alcatrão que é primeiro exibido em toda a vila e depois incendiado numa colina de Burghead.

O evento deveria ter lugar no dia 11 de janeiro, a data em que, de acordo com o calendário usada pelos romanos antes do atual calendário cristão que o ocidente utiliza, se dava a passagem para um novo ano.

As restrições impostas pela pandemia da Covid-19, contudo, levaram a que o evento estivesse perto de ser cancelado, algo que chegou mesmo a ser imposto no ano passado, e que marcou a primeira vez em que não se incendiou o Clavie desde a Segunda Guerra Mundial, explicou o The Press and Journal. O alívio das restrições a partir desta segunda-feira, anunciado pelo governo da Escócia, possibilitou a queima do barril logo no primeiro dia das novas regras sanitárias.

As origens desta festividade, contudo, são incertas, sendo agora uma tradição cujas regras são apenas passadas de geração em geração. Segundo a BBC, a queima do Clavie começou pelo menos na década de 1750. O The Press and Journal, contudo, remonta as tradições desta queima a um ritual realizado pelos Pictos, um povo Celta que habitou as terras da Escócia, e que teriam estabelecido um forte na região conhecida agora como a vila de Burghead, por volta do século III D.C.

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A parada do Clavie pelas ruas da vila é levada a cabo por vários residentes de Burghead, liderados pelo “Rei Clavie“, cargo ocupado por Dan Ralph desde 1988. O barril é depois colocado numa enorme pira construída na colina de Doorie, onde é incendiado de uma forma pouco convencional. Semelhante ao transporte da chama olímpico durante os famosos jogos mundiais de origem grega, o barril Clavie é incendiado com recurso a uma tocha transportada desde uma fogueira ancestral localizada numa das casas da vila.

Os restos do barril incendiado são, depois do espetáculo flamejante, distribuídos pelas casas e estabelecimentos de Burghead, onde lá permanecem durante o ano seguinte. Os pedaços carbonizados de madeira são considerados amuletos de boa sorte responsáveis por proteger os lares de Burghead de espíritos e demónios malignos.

Veja na fotogaleria acima a queima do Clavie em Burghead.