A OCDE divulgou, esta terça-feira, um relatório sobre as tendências na área da educação, onde defende que é preciso preparar os sistemas de ensino para o futuro, “testando-os contra possíveis choques”, tal como aconteceu com a atual pandemia.

“A Covid-19 mostrou-nos que, apesar dos planos mais bem traçados, o futuro gosta de nos surpreender”, lê-se no relatório divulgado esta terça-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), onde os investigadores lembram que a pandemia obrigou a fechar escolas, de um dia para o outro, e a mudar para uma educação online.

À medida que a doença se espalhava pelo globo, o encerramento de escolas tornou-se uma reação natural à crise, mas a pandemia “também foi um aviso”, alerta a OCDE, defendendo que é preciso preparar os sistemas educacionais “para o futuro, testando-os contra possíveis choques”.

O relatório “Trends Shaping Education 2022” explora tendências que afetam o futuro da educação, desde a infância até a aprendizagem ao longo da vida. São 25 áreas organizadas em cinco capítulos: crescimento, viver e trabalhar, saber e poder, identidade e a “nossa natureza mutável”.

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A OCDE defende que, num mundo em rápida mudança, é preciso repensar a relação entre aprendizagem formal e informal e reimaginar todo o conteúdo e forma de transmitir conhecimento.

O relatório divulgado esta terça-feira apresenta uma visão dos principais fatores económicos, sociais, demográficos e tecnológicos.

No que toca à economia, por exemplo, a OCDE sublinha que o crescimento económico tirou milhões de pessoas da pobreza, mas também fez aumentar as desigualdades socioeconómicas.

Por outro lado, o uso insustentável de recursos veio sobrecarregar o meio ambiente: “O mundo está a testemunhar uma crescente desconexão entre o imperativo do crescimento económico e os recursos finitos do nosso planeta, entre o aumento da riqueza de alguns e o bem-estar de muitos”, alertam os especialistas.

O relatório destaca a redução das horas de trabalho verificada nos últimos cem anos e o aumento do trabalho flexível, como o tempo parcial ou o teletrabalho. Em casa, dizem os investigadores, “as estruturas familiares continuam a evoluir, com passos lentos, mas firmes em direção à igualdade de género”.

No terceiro capítulo, intitulado “Conhecimento e Poder”, a OCDE chama a atenção para a importância de ter sistemas robustos de aprendizagem ao longo da vida que sejam capazes de criar a resiliência necessária para o futuro, mas questiona quais serão os melhores modelos de educação.

Os especialistas chamam a atenção para o facto de o trabalho divulgado não dar respostas conclusivas, uma vez que não se trata de um relatório analítico nem uma declaração da política da OCDE, sendo as questões levantadas meramente ilustrativas e sugestivas.

Os investigadores alertam também para os perigos das tecnologias digitais que, por um lado permitem ter informação quase infinitas para resolver problemas e tomar decisões, mas também oferecem informações enganosas.

As rápidas mudanças provocadas pela tecnologia podem também não ser suficientes para resolver problemas sociais urgentes: “Apesar do aumento da conectividade, muitos sentem-se solitários e sem voz”, alertam os especialistas.

“Como nos lembra a pandemia de Covid-19, o futuro pode e vai surpreender-nos”, conclui o relatório.