Mais de 130 incidentes de pirataria marítima foram registados no ano passado, o número mais baixo desde a década de 90 e que não inclui qualquer registo em navios de bandeira portuguesa, indicam os dados divulgados esta terça-feira.

De acordo com a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), que cita a Câmara de Comércio Internacional, 88% dos 132 incidentes registados resultaram na entrada dos piratas a bordo, “com ameaças de armas de fogo ou armas brancas”.

Estes 132 incidentes representam uma quebra relativamente aos 195 que tinham sido registados no ano anterior, uma redução que a DGRM justifica com “as fortes medidas colocadas em prática pelos países dos grandes armadores mundiais” e as medidas “adotadas pelas próprias companhias de gestão dos navios”.

A DGRM destaca a “ação musculada” da Dinamarca, em proteção do seu armador Maersk, que tem desenvolvido ações concretas com navios e militares dinamarqueses, tendo o episódio mais grave ocorrido em novembro passado, “com uma troca de tiros da qual resultaram quatro piratas mortos no Golfo da Guiné”.

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“O Golfo da Guiné continua a ser a pior zona do globo, pese embora tenha decrescido bastante o número de incidentes. Em 2020 tinham sido registadas 81 ocorrências e em 2021 apenas foram registadas 34 (-55%)”, indica a DGRM.

A presença de forças navais internacionais e a cooperação com os estados costeiros são apontados como os motivos para esta redução.

Ainda assim, lembra a DGRM, em 2021 “os piratas no Golfo da Guiné raptaram 57 pessoas de navios de marinha mercante”.

A nota sublinha que no ano passado não ocorreram incidentes de pirataria com navios de bandeira portuguesa, “embora existam vários navios de bandeira lusa a atravessar zonas de risco”.

“Para este efeito, muito tem contribuído o novo Diploma de Segurança Privada a Bordo, tendo neste ano a DGRM aprovado 199 planos antipirataria para navios registados em Portugal“, acrescenta.

A pirataria no mar contempla qualquer ato ilegal de violência realizada contra os tripulantes ou passageiros de navios, bem como a abordagem ilegal e tomada de controlo sobre o navio.