A secretária-geral da CGTP considerou esta terça-feira que a proposta do PS sobre a semana de trabalho de quatro dias “não tem conteúdo”, reafirmando que a intersindical mantém a reivindicação da redução do horário de trabalho para 35 horas semanais.

“O Partido Socialista lança esta ideia, mas sem conteúdo absolutamente nenhum”, afirmou aos jornalistas Isabel Camarinha, na Marinha Grande, distrito de Leiria, onde participou na manifestação evocativa do 88.º aniversário do movimento operário do 18 de Janeiro de 1934.

Segundo Isabel Camarinha, o secretário-geral do PS e também primeiro-ministro, António Costa, “até já se descaiu ligeiramente quando disse que até podia ser com o aumento do horário nos quatro dias de trabalho”.

“Ora o que é necessário não é aumentar o horário de trabalho em dia nenhum da semana, o que é necessário e imprescindível é que, de facto, os avanços da ciência e da técnica tenham consequência na evolução da sociedade”, declarou.

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Na segunda-feira, num encontro organizado pelas Mulheres Socialistas, em Lisboa, o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, abordou a semana de quatro dias de trabalho — uma proposta que, no programa eleitoral, o partido se compromete a ponderar para certos setores -, considerando que se trata de um “debate que é necessário fazer na sociedade portuguesa”.

Reconhecendo que “não é uma coisa para amanhã” e que “não será possível seguramente em todos os setores”, Costa deu o exemplo da Câmara Municipal de Mafra para referir que já pratica a semana de quatro dias “há muitos anos, de uma forma calma e tranquila”.

“A verdade é que seria uma contribuição muito importante para a redução das emissões de CO2 e esse é um debate que temos de fazer serenamente, calmamente — não é legislando — mas é um tema que não pode deixar de estar na agenda da sociedade e sobre a qual não podemos deixar de refletir”, afirmou o socialista.

Para a dirigente sindical, a redução do horário de trabalho é “um avanço civilizacional”, pois permite que “os trabalhadores, as suas famílias, organizem a sua vida de forma a poder beneficiar do conjunto de direitos, de interesses” que têm.

“A vida não pode ser só trabalho e a vida dos trabalhadores não pode estar condicionada àquilo que o patrão quer. E o patrão quer que o trabalhador num dia de trabalhe 10 horas, no outro dia trabalhe seis, no outro dia trabalhe sete, num dia entre às 10h00, no outro dia entre às 14h00”, exemplificou.

A sindicalista realçou estar “provado que a produção aumenta se a vida dos trabalhadores for estável e tiver também condições de saúde física e psíquica, e se puderem organizar-se em termos do seu tempo, de forma a garantir estar com a família, estar com os amigos, ter acesso à cultura, ao desporto, ao lazer e a tudo o que para além do trabalho” interessa.

“Ora, não é com esta apregoada semana de quatro dias — que não se percebe bem como é que iria funcionar – que nós garantimos isto. É, sim, com a redução do horário de trabalho para as 35 horas [semanais] como limite máximo para todos os trabalhadores”, acrescentou.