O PAN mantém o mistério sobre o parceiro preferível para uma eventual coligação pós-eleitoral. Inês Sousa Real passou a tarde desta quarta-feira na cidade de Évora, onde foi desafiada por uma popular durante uma ação de campanha de contacto com a população.

“Queria ver o PAN coligado com o PS, nunca com PSD”, confessou Maria Branco perante a comitiva de Inês Sousa Real, defendendo que “se o PSD ficar com uma maioria absoluta, ficamos pior”. No jardim municipal de Évora, esta eleitora não revela em quem vai votar, mas também não tem dúvidas: o partido de Rui Rio, com uma maioria absoluta, tomaria “medidas mais drásticas”.

Lançado o mote, Inês Sousa Real não se descose em relação a se prefere António Costa ou Rui Rio. Ao quarto dia de campanha oficial, a porta-voz do PAN não desfaz o taboo. Se concorda com a eleitora Maria Branco? “Aquilo que eu posso dizer é que o PAN tudo fará para que, seja qual for a solução do Governo, garantirmos que a prioridade na retoma dos rendimentos é de facto uma linha vermelha e não viabilizaremos governos que queiram impor mais austeridade ao país”.

Já ao início da tarde, Inês Sousa Real tinha insistido na questão das linhas vermelhas. De visita ao Canil Municipal de Évora, que alberga neste momento 60 cães e sete gatos (a maioria abandonados, mas alguns vítimas de maus tratos), a líder do PAN lembrou o aumento da verba que estava a ser discutida com o Governo de António Costa para a modernização dos canis. Em cima da mesa, estava um reforço dos dez milhões de euros já previstos para estes espaços, mas a negociação caiu por terra com o chumbo do Orçamento do Estado.

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A pensar já no futuro, Inês Sousa Real garante que essa será uma prioridade: “Quando formos discutir novamente o Orçamento do Estado para 2022, o ponto de partida será inevitavelmente aquilo que já estava de alguma forma previsto”, aponta. Acima de tudo, a líder do PAN não espera “retrocessos” nessa matéria, afirmando que ideias avançadas por alguns partidos, “como o PSD”, de retornar estas competências à Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, “são para o PAN uma linha vermelha”.

Na segunda metade desta semana, a caravana do PAN ruma mais a sul, tendo reservado esta quarta-feira ao distrito de Évora, quinta-feira a Beja e sexta-feira a Faro. Questionada pelos jornalistas sobre as expectativas sobretudo para o interior do país, e em concreto para Évora, Inês Sousa Real assegura que o partido tem uma candidatura “bastante forte, com Alexandra Moreira como cabeça de lista, um nome incontornável no direito animal”. E afirma que a mentalidade está a mudar e que as pessoas são hoje “mais sensíveis” à proteção animal, mas também àquilo que “é o trabalho do PAN em matéria de coesão territorial”.

A porta-voz do PAN desvaloriza que o partido seja muitas vezes descrito como um partido mais urbano e que não conquista tantos eleitores nas zonas rurais do país. “Independentemente de sermos eleitos, somos deputados de todo o país”, sublinha, admitindo contudo a existência de “temas fraturantes em alguns territórios, como é o caso da tauromaquia ou da caça”.