Cristina Henriques diz que mudou de partido — para o CDS —, de cidade e de profissão. “Fui obrigada a isso”, confidencia a Francisco Rodrigues dos Santos, não sem antes lhe pedir uma “bandeirinha” e uma caneta — daquelas que se multiplicam nas mãos dos apoiantes que seguem “Chicão” e que têm sido oferta em todas as ações de rua. “Nunca é tarde para mudar para melhor”, atira-lhe Francisco. Mas Cristina insiste no elogio: “A cidade também mudou de presidente da Câmara e estamos muito bem servidos”.

Desde as autárquicas de setembro que Coimbra mudou de cor, substituindo a governação socialista de Manuel Machado pela do independente José Manuel Silva, de uma coligação que, entre outras cores, juntava PSD e CDS-PP. Francisco Rodrigues dos Santos quer a mesma fórmula para dia 30.

“É possível que isso aconteça. Nós aqui em Coimbra conseguimos derrotar a esquerda. O CDS fez parte dessa maioria que permitiu ganhar as eleições autárquicas com o PSD”, disse. Mas frisa que, desta vez, há “uma nuance muito importante” que o separa do partido de Rui Rio. “É que eu sou o único partido de direita que se mantém fiel ao voto dos eleitores do nosso espaço político que derrotaram a esquerda nas eleições autárquicas”.

Francisco Rodrigues dos Santos volta a marcar diferenças face ao PSD e insiste que um voto no CDS será “contra a esquerda”, sem qualquer possibilidade de aproximação ao PS, por uma “nova maioria de direita no Parlamento”. Mas se exclui contactos à esquerda, admite apoios à direita, com condições: para fazer parte de um Executivo de Rui Rio — como este admitiu poder acontecer — o PSD tem de integrar no programa de governo as propostas do CDS. “Se o CDS não tiver a força para inscrever estas propostas no programa de Governo então não vai para o Governo fazer nada”, afirmou.

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“Quero que o CDS tenha força para influenciar a governação do país. Se tiver força e influenciar a governação do país podemos discutir se o CDS se senta ou não no governo, mas é uma questão posterior”, adiantou.

O presidente do CDS foi à cidade dos estudantes, num “regresso a casa” (viveu ali durante cinco anos), mas recusa ser visto como um “aprendiz” de líder do CDS. “Já tenho dois anos de líder do partido e já passei por duas eleições muito importantes: as eleições nos Açores em que derrotámos o PS que estava há 24 anos no poder, as eleições presidenciais em que estivemos dentro da maioria que elegeu o Presidente da República da nossa família política e nas eleições autárquicas mais do que duplicámos as câmaras que ganhámos em coligação. Pergunto se na história recente da democracia um líder em dois anos foi sujeito a tantos atos eleitorais. Fui obrigado a testar-me em urnas”, responde.

A visita à cidade serviu ainda para lembrar uma das principais propostas do CDS, um cheque-ensino, que permita aos pais escolher a escola onde querem pôr os filhos a estudar, seja no ensino particular ou cooperativo, ou público. “O ministro da Educação descoseu-se no início deste ano letivo dizendo que a mensalidade por aluno numa escola pública ficava mais cara do que nas melhores escolas particulares e cooperativas de acordo com o ranking de acesso ao ensino superior. O que vimos defender é que haja verdadeira igualdade de oportunidades”.

Rodrigues dos Santos cumprimentou pessoas no centro histórico — mas nem todas quiseram cumprimentá-lo de volta. Entregou (mais) canetas — “Esta escreve melhor do que as outras?”, chegaram a questioná-lo. E tirou uma selfie com um grupo de jovens — um deles com o nome de um dos principais alvos de Rodrigues dos Santos: Jerónimo. “No dia 30 de janeiro quando olharem para o boletim de voto vão-se lembrar desta selfie”, atirou-lhes.

Parou para comprar castanhas — 2,5 euros a dúzia — que o transportaram para a infância. “O meu avo é de Oliveira do Hospital e tem vários castanheiros. Eu no inverno gosto sempre de castanhas assadas no forno e são da nossa casa. Sabe sempre bem, sobretudo quando faz mais frio”, conta. Prova uma, hesita, ri-se. “Está boa”, atira. Nova pausa perante o silêncio de quem a vende. “É ótima.”

Francisco Rodrigues dos Santos foi ainda presenteado por José Miguel Almeida, 31 anos, que ofereceu ao líder dos democratas-cristãos um barrete de forcado e um lenço do Grupo de Forcados Académicos de Coimbra. Uma oferta “por tudo o que tem feito”, pela “forma expressiva como tem demonstrado que a defesa dos velhos costumes e da tradição portuguesa vale a pena”.