Cerca de duas dezenas de trabalhadores do grupo Águas de Portugal (AdP) concentrou-se esta quinta-feira junto ao Ministério das Finanças, em Lisboa, para acusar o Governo de se intrometer no processo negocial em curso e para reivindicar aumentos salariais.

A ação de protesto, realizada esta tarde, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL) e pela Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (FIEQUIMETAL), contando com a presença da secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, e de trabalhadores da Imprensa Nacional Casa da Moeda.

Além de reivindicarem o aumento de salários e a atribuição aos trabalhadores do grupo AdP do subsídio de penosidade e risco, os promotores deste protesto acusaram o Governo de se intrometer no processo negocial com a administração desta empresa pertencente ao setor empresarial do Estado.

A solução ideal é que os Conselhos [de Administração] das empresas públicas, nomeadamente o da Águas de Portugal, negoceiem a contração coletiva que está em vigor e que foi objeto de proposta de negociação por parte dos sindicatos. Agora, vem o Governo dizer aos Conselhos de Administração que apliquem os 0,9% [de aumentos] que foram aplicados na Administração Pública, atropelando o direito à negociação da contração coletiva nestas empresas. Isto não pode ser aceite pelos sindicatos, afirmou, aos jornalistas, Isabel Camarinha.

No entender da líder da CGTP-IN, sugerir um aumento de 0,9% “não é sequer uma proposta negociável” e “não garante absolutamente nada, nem a reposição do poder de compra dos trabalhadores”.

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“Se as administrações quiserem aplicar os 0,9% podem aplicar, mas isso não é proposta para negociação. É uma imposição que estão a fazer de uma atualização que não atualiza os salários dos trabalhadores e que não responde às propostas que foram feitas, quer de revisão salarial, dos aumentos de 90 euros para todos os trabalhadores, nem outras propostas relativas a horários de trabalho, a carreiras, categorias, etc”, apontou.

Entretanto, pouco antes do início do protesto, uma comitiva do STAL e da FIEQUIMETAL reuniu-se com o secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, que, segundo os sindicalistas, lhes confirmou a proposta dos 0,9%, mas que ressalvou que “apenas é uma base negocial”.

“O senhor secretário de Estado diz que foi aquilo que foi decidido pelo Governo. Diz que se negoceie os 0,9% e que não tinha imposto, mas que os 0,9% é a base [negocial] e que não limita outros valores. O que nós queremos aqui deixar vincado é que têm de ser as administrações a valorizar os seus trabalhadores”, defendeu o dirigente sindical Mário Matos, da FIEQUIMETAL.

O sindicalista adiantou que na próxima semana haverá uma reunião com a administração da AdP e que não excluem “outras formas de luta”, caso o desfecho não seja satisfatório.

Está em cima da mesa novas formas de luta destes trabalhadores. Em luta pelas suas reivindicações que são justas, nomeadamente o subsídio de penosidade e risco, apontou.

Relativamente a este subsídio de penosidade e risco, Mário Matos lembrou que a sua atribuição está inscrita no Orçamento do Estado para 2021 para os trabalhadores da Administração Pública, mas que os da Águas de Portugal não foram contemplados.

Contactada pela agência Lusa, fonte da AdP escusou-se a fazer comentários.