Para Portugal ficou apenas o aviso, para outras equipas tornou-se bem mais do que isso. Porque houve o empate da Itália com a Finlândia, a igualdade do Cazaquistão frente à Eslovénia, o triunfo da Geórgia ante o Azerbaijão. Rússia e Espanha até podem ter goleado na estreia mas a primeira jornada da fase de grupos do Campeonato da Europa de futsal mostrou bem a competitividade da competição onde a Seleção vai em busca da revalidação do inédito título. Por isso, a lição tinha sido estudada para o desafio seguinte.

“Em primeiro lugar, estão extremamente motivados por jogarem em casa. Têm uma variabilidade muito grande na equipa, jogadores muito interessantes no 1×1, pivôs fortíssimos, fixos com enorme poder físico e um excelente sentido de marcação. Essa variabilidade de características confere qualidade à equipa. Eram sempre seleções extremamente complicadas e estão com uma qualidade muito interessante e competitivos. Estão com uma vontade muito grande de ter sucesso e de chegar longe na prova”, comentara Jorge Braz no lançamento da partida onde lamentou a lesão de Bebé, guarda-redes campeão mundial que tinha sido chamado à equipa à última hora mas que voltou a trocar com Edu, recuperado da Covid-19.

“Um dos problemas é quando colocamos muitos ‘ses’. Nós temos de estar altamente focados no nosso jogo, prepará-lo muito bem, como sempre, mas perceber que vai ser um jogo duro. Vai ser preciso competir de uma forma extremamente rigorosa”, destacou ainda perante a possibilidade de Portugal poder garantir já o primeiro lugar do grupo em caso de vitória caso a Ucrânia não conseguisse vencer a Sérvia.

Esse era ainda assim um cenário possível antes do arranque da segunda jornada do grupo A, depois de os Países Baixos terem vencido a Ucrânia e de Portugal conseguir derrotar a Sérvia, num encontro que até começou da pior forma com dois golos sofridos nos primeiros minutos que foram depois “revertidos” no segundo tempo com muita influência dos elementos mais novos da equipa, com Zicky Té a provocar grandes desequilíbrios como pivô e Afonso Jesus e Tomás Paçó a fazerem os golos da reviravolta.

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Todavia, e em mais uma surpresa, os ucranianos golearam os sérvios por 6-1, o que deixaria sempre a luta pela qualificação em aberto. Faltava saber o que poderia fazer a Seleção e a resposta não poderia ser melhor: goleada por 4-1 com bis de Pany Varela, um digno sucessor de Ricardinho não tanto pela magia que só o esquerdino conseguia ter nos pés quando entrava numa quadra mas pela capacidade de liderar a equipa em campo com golos nos momentos decisivos (e basta recordar o bis na final do Mundial).

Ao contrário do que aconteceu com a Sérvia, Portugal entrou melhor no jogo, foi dominando em 4:0 e fez a diferença já com Zicky em campo, assistindo Bruno Coelho para a primeira grande oportunidade e estando no lance que originou o primeiro golo num desvio inadvertido de Saadouni para a própria baliza (6′). Até mesmo em desvantagem o conjunto dos Países Baixos raramente teve riscos no plano ofensivo, optando por continuar a defender bem e de forma organizada mesmo com poucas saídas rápidas para o ataque, e a Seleção foi controlando como quis a partida até encontrar a melhor forma de visar a baliza de Kuyk, que foi evitando uma desvantagem maior até 20 segundos do intervalo, quando Zicky segurou a bola de costas para a baliza e assistiu depois Pany Varela na esquerda que, com um típico “bico”, fez o 2-0 (20′).

A mentalidade competitiva com que Portugal enfrentou este novo desafio acabou por fazer a diferença, com o conjunto da casa a encontrar muitas dificuldades em visar a baliza de André Sousa e a Seleção a procurar de forma paciente as melhores formas para aumentar a vantagem, o que acabou por acontecer no primeiro golo de bola parada por Pany Varela, na sequência de uma reposição lateral, a marcar o 3-0 (23′). Aquele que foi considerado esta semana como o segundo melhor jogador do mundo em 2021, apenas atrás do brasileiro Ferrão do Barcelona, mostrou mais uma vez a eficácia de remate que foi apurando nos últimos anos, dando uma machadada quase final na partida apesar do 3-1 por Bouyouzan na sequência de um remate ainda antes do meio-campo de El Ghannouti que surpreendeu André Sousa e bateu na trave (33′). Afonso Jesus, num erro dos neerlandeses quando jogavam em 5×4, fechou as contas do encontro (40′).