Os danos causados pelas cheias de abril de 2021 em Timor-Leste poderão ter um custo de mais de 420 milhões de dólares (370 milhões de euros), mas devem servir como oportunidade de reforçar infraestruturas e resiliência, segundo o Banco Mundial.

A estimativa é feita num relatório sobre resiliência climática e fortalecimento da resposta a desastres naturais, no contexto das cheias do ano passado, provocadas pelo ciclone tropical Seroja, que afetaram dezenas de milhares de pessoas e causaram 44 mortos.

“Na sequência do ciclone tropical Seroja, parceiros de desenvolvimento coordenados para ajudar o Governo de Timor-Leste a tomar decisões informadas sobre os setores mais impactados, aponta potenciais caminhos de recuperação e melhorias na gestão de riscos de desastres”, refere o responsável do Banco Mundial em Timor-Leste, Bernard Harborne.

“A reconstrução exigirá um planeamento cuidadoso e investimentos para não só recuperar deste evento catastrófico, mas também fortalecer a resiliência climática e de desastres nos anos vindouros”, sublinha.

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O relatório nota que o impacto das cheias evidencia a necessidade de que se adote uma “abordagem multifacetada para a gestão de catástrofes e crises”.

Nota que a destruição foi sentida de forma mais aguda pelos residentes mais pobres de um país onde “mais de metade da população depende da agricultura de subsistência para o seu sustento”.

Só no setor agrícola, refere, estima-se que os danos causados ultrapassem os 15,7 milhões de dólares e as perdas ultrapassem os 13,1 milhões de dólares, segundo o relatório.

Já no setor da habitação a recuperação pode custar 60 milhões de dólares, valor que subiria para 148 milhões se for adotada uma abordagem de procurar criar “habitação mais segura” e medidas para minimizar riscos futuros.

Os danos em estradas e pontes são estimados em 170 milhões de dólares, enquanto a “reconstrução que incorpora padrões melhorados para reduzir o risco de desastres pode custar cerca de 245 milhões de dólares”, refere o Banco Mundial.

Os valores são, admite o Banco Mundial, ainda estimativas, notando que devido à pandemia da Covid-19 e dificuldades no acesso no terreno, o acesso a dados foi limitado.

Ainda assim sublinha que “a recuperação oferece uma oportunidade para o governo fortalecer a resiliência contra riscos naturais futuros” e identificar “áreas prioritárias de foco para melhorar a gestão de riscos de desastres e medidas de adaptação às alterações climáticas”.

Entre prioridades imediatas contam-se a “atualização da Política Nacional de Gestão de Riscos de Desastres, melhoria dos serviços de alerta precoce e aplicar princípios de redução de riscos na reconstrução de infraestruturas danificadas”.

Defende ainda realizar “um diagnóstico de risco urbano para identificar investimentos prioritários e necessidades de capacidade na capital de Díli, que foi fortemente afetada pelo ciclone”.

O Banco Mundial reafirma o seu empenho em colaborar com o Governo na gestão de riscos de desastres em Timor-Leste e ainda na resiliência climática a longo prazo.

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