Os apoiantes da oposição venezuelana, que querem remover Nicolas Maduro do poder, vão recorrer ao supremo tribunal do país para rever as condições impostas pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) para a recolha de votos.

Três grupos da oposição requisitaram no início da semana passada uma nova votação eleitoral, que necessitaria, segundo a Reuters, de 4,2 milhões de votos para avançar. As últimas sondagens mostravam que sete em cada dez venezuelanos apoiariam a deposição do atual líder. Para que novas eleições se possam realizar, contudo, é necessário que 20% dos eleitores de cada estado do país assinem a petição.

O problema, contudo, é que a CNE — composta por cinco elementos, três deles apoiantes de Maduro — antecipou-se à decisão de procurar a realização de novas eleições, e agendou a recolha de assinaturas para quarta-feira, dia 26 de janeiro.

Apenas estes três membros da CNE  acordaram o agendamento da recolha de assinaturas, tendo o acordo sido aprovado por maioria de entre os cinco elementos da comissão. A recolha de assinaturas só poderá ser realizada durante 12 horas, e para tal serão destacados 1200 locais de voto em todo o país.

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Seria necessário processar cinco eleitores por minuto durante 12 horas” para alcançar o número mínimo de assinaturas, explicou Roberto Pico, um dos dois membro da Comissão Nacional Eleitoral apoiantes da oposição a Maduro. “Simplesmente não é viável.”

Juan Guaidó, presidente interino e líder da oposição a Nicolas Maduro, manifestou  o seu desagrado para com a alegada manipulação do aparelho político venezuelano: “Qual é o medo, Maduro? Nem umas assinaturas permites, graças a um CNE sequestrado por ti, estás mais débil do que se pensa“.

Nicmer Evans, representante do Movimiento por el Revocatorio (Mover), um dos três grupos que solicitou a petição, afirmou, segundo a ABC, que a Comissão Nacional Eleitoral “possibilita os formulários nos centros de recolha de votos, sem que conheçamos os centros ou sem que sejamos sequer notificados formalmente sobre o assunto. A piada conta-se”.

Os grupos que convocaram a recolha de assinaturas exigem ao supremo tribunal da Venezuela que solicite a realização de um cronograma mais espaçado no tempo para a recolha dos votos. A constituição venezuelana permite que os titulares de cargos que completem pelo menos metade dos seus mandatos sejam removidos do cargo, ainda que por um voto. No início deste mês, Nicolas Maduro completou três anos do seu segundo mandato.