À semelhança da Ferrari, também a Lamborghini defende há anos que, no actual estágio de evolução, as baterias ainda não são o ideal para conceber superdesportivos exclusivamente eléctricos. Sem dúvida a pensar no peso elevado dos acumuladores, bem como na redução de autonomia, caso se pratique uma condução mais agressiva. Mas a realidade é que a Rimac, com o Nevera de 1914 cv, e até o Tesla Model S Plaid, com 1020 cv – ambos mais rápidos do que qualquer superdesportivo italiano –, provam que é possível conseguir potências incrivelmente elevadas e uma autonomia interessante com motores eléctricos e baterias. Talvez por isso não seja de estranhar que a Lamborghini tenha anunciado que, a partir de 2023, todos os novos modelos montarão pelo menos um motor eléctrico e, antes de 2030, os novos produtos da marca passarão a ser 100% eléctricos.

Numa entrevista à Autocar, o CEO da Lamborghini, Stephan Winkelmann, revelou que 2022 será o último ano em que se pode esperar ver um modelo novo da marca exclusivamente equipado com um motor de combustão. A partir do próximo ano, só haverá modelos novos equipados com mecânicas híbridas, híbridas plug-in e eléctricos.

A necessidade de reduzir as emissões médias totais da gama da marca, associada ao facto de cada vez mais clientes preferirem os superdesportivos que proporcionem a possibilidade de percorrer alguns quilómetros sem poluir e sem emitir ruído, explica esta opção da Lamborghini. Aqui, mais uma vez, em linha com o que a própria Ferrari já tinha antecipado.

Depois das 63 unidades do Sián produzidas, não com bateria mas com supercondensador, o primeiro híbrido de produção corrente da “Lambo” surgirá em 2023. Será o Aventador Hybrid, a que se seguirá um outro coupé de dois lugares ligeiramente menos possante e mais acessível, o Huracán Hybrid, previsto para 2025. O primeiro modelo PHEV será o Urus Plug-in Hybrid, disponível a partir de 2025, certamente com uma interpretação mais desportiva do sistema PHEV que já equipa os SUV com a mesma plataforma da Audi, Bentley e Porsche.

Em relação aos futuros Lamborghini 100% eléctricos, Winkelmann assegurou que estarão no mercado antes do final da década, embora a carroçaria ainda não tenha sido definida e, muito menos, desenhada. Mas o CEO avançou que, em 2028, será possível ver o primeiro Lamborghini só a bateria, que será uma espécie de crossover, menos volumoso do que o SUV da marca. O segundo eléctrico será o substituto do Urus, também exclusivamente a bateria.

Face à actual parceria entre a Volkswagen AG e a Rimac, à semelhança do que já acontece com a Porsche, é de esperar que também a Lamborghini possa recorrer aos conhecimentos dos “pequenos” croatas, jovens mas tecnologicamente muito avançados, a quem o grupo alemão ofereceu a Bugatti em troca de partilhar a capacidade de produzir desportivos eléctricos a bateria com 2000 cv.

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