Cressida Dick confirmou tudo esta terça-feira: “O que vos posso dizer esta manhã é que, como resultado de informações fornecidas pela equipa de inquérito e da avaliação dos meus agentes, confirmo que a Polícia está a investigar vários eventos que tiveram lugar em Downing Street e Whitehall nos últimos dois anos, como potenciais violações das regulações para a Covid-19.”

Foi assim que a Comissária da Metropolitan Police, a responsável máxima da polícia de Londres, explicou que é agora responsável pela investigação policial do chamado “Partygate”, o escândalo que se refere a uma série de festas que terão tido lugar em Downing Street durante o confinamento — e que pode colocar em causa o futuro de Boris Johnson como primeiro-ministro do Reino Unido.

Dick, de 61 anos, ocupa este cargo desde 2017 e não lhe falta experiência em lidar com casos complicados. Filha de dois professores de Oxford, está habituada a estar no centro das atenções: Cressida Dick tornou-se a primeira mulher e primeira homossexual a ocupar este cargo, o mais elevado que um agente da polícia pode ocupar no Reino Unido, como relembra o The Telegraph.

Antes de ser agente policial, Cressida Dick estudou silvicultura e agricultura, mas juntou-se à Metropolitan em 1983. Pelo meio, estudou criminologia em Cambridge, o que fez com que acabasse por liderar unidades de contra-terrorismo e fosse nomeada para coordenar mega-operações de segurança como a dos Jogos Olímpicos de 2012 e o Jubileu de Diamante de Isabel II.

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Em 2005 enfrentou um dos momentos mais complicados da sua carreira, quando o brasileiro Jean Charles de Menezes foi morto a tiro pela polícia de Londres, ao ser confundido com um terrorismo islâmico. “Penso nisso com muita frequência, quem me dera que nunca tivesse acontecido”, lamentou publicamente Dick. “Mas tornou-me uma líder e uma oficial de polícia melhor, mais resistente”.

O ano passado voltou a ser difícil para esta agente da polícia. Primeiro foi o caso de Sarah Everard, violada e assassinada por um agente da polícia. Depois houve um inquérito interno a uma investigação da Met que considerou que a polícia de Londres era “institucionalmente corrupta”. E houve ainda críticas à reação policial aos protestos ambientalistas do Extinction Rebellion, considerada demasiado suave por alguns.

Agora, Cressida Dick tem em mãos liderar a investigação às festas de Downing Street para avaliar se terão quebrado as regras de confinamento que estavam em vigor.