As instalações da antiga prisão dos serviços secretos dos Estados Unidos (CIA) e onde suspeitos de terrorismo eram torturados, na Lituânia, vão ser colocadas no mercado.
O governo da Lituânia disse na passada segunda-feira que se preparava para vender o famoso “black site” por um preço ainda desconhecido.
O centro de detenção estava inserido num “programa de rendição”. O designado “Project nº2″, um complexo em forma de T localizado em Vilnius, tinha dez salas sem janela e à prova de som, onde os prisioneiros eram vendados, encapuzados e presos nas pernas com algemas à chegada.
Isto era um edifício protegido onde se podia fazer o que se quisesse. Não é possível determinar exatamente aquilo que se passava, disse Arvydas Anusauskas num vídeo partilhado pela agência Reuters.
Abu Zubaydah, o chamado “prisioneiro eterno”, foi um dos torturados. Zubaydah recebeu do governo lituano 100 mil euros de compensação pelo tratamento sofrido no local— entre fevereiro de 2005 a março de 2006 —, na sequência da decisão do tribunal de que tinham sido violadas as leis europeias que proíbem a tortura.
Um relatório do Senado americano sobre o programa de tortura da CIA divulgado em 2014 faz alusão às instalações, embora oculte a identidade do país onde o edifício se encontrava sediado.
No relatório lê-se ainda que os detidos que por lá passaram já tinham sido sujeitos a tantas técnicas de “interrogatórios agressivas” que muitos tinham sido levados ao esgotamento.
A CIA e os advogados tentaram justificar a tortura de Zubaydah, alegando que ele estava ligado ao Al Qaeda, mas verificou-se que ele não era membro da organização.
O responsável pelo atentado às Torres Gémeas em 11 de setembro de 2001, Khalid Sheikh Mohammed, também passou pelo centro de detenção e tortura.
O local foi encerrado em 2006 depois da Lituânia se recusar a admitir um terceiro prisioneiro.
Embora uma das principais atrações turísticas na Lituânia seja a antiga prisão da KGB — na qual eram presos e torturados todos aqueles que eram contra o regime soviético —, transformada num museu, até à data desconhece-se qualquer plano de abrir as portas da antiga instalação da CIA a turistas.