Há 200 anos, em 1822, era inaugurada, no sótão da igreja do Hospital St. Thomas, em Londres, a sala de operações que é hoje o mais antigo espaço de cirurgias ainda existente na Europa.

Embora não se saiba a data exata em que foi construída a igreja, pensa-se que funcionasse como local de culto para um hospital medieval naquela que era na altura uma área pertencente aos subúrbios de Londres.  A igreja de St. Thomas foi então reconstruida entre 1698 e 1702, e voltou a receber uma cerimónia religiosa em 1703.

Embora o Hospital de St. Thomas continue a funcionar na atualidade, o edifício hospitalar localiza-se agora noutra região de Londres, tendo a sua relocalização acontecido em 1862. A igreja é assim a única parte do antigo hospital que persistiu, até aos nossos dias, na zona de Sowthwark.

O andar superior da igreja de St. Thomas é hoje o “The Old Operating Theatre — Museu & Sótão de Ervas”.

Além de servir como local de culto para os doentes do hospital, a igreja tinha até ao início do século XIX outra função importante para o funcionamento do centro clínico: era o local onde eram colocadas ervas medicinais a secar e onde eram guardados os medicamentos da época, servindo como o local de trabalho dos apotecários do hospital — pessoas que preparavam e vendiam remédios.

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Em 1822, o sótão da igreja foi inaugurado como sala de cirurgias da ala feminina do hospital. Vários fatores contribuíram para a sua construção no ático da igreja.

Em primeiro lugar, o facto de se localizar no topo do edifício permitia a entrada de luz através de uma clarabóia que persiste até aos dias de hoje. Além disso, antes da sua construção, as mulheres eram operadas na ala feminina, o que, numa época em que não existia anestesia — introduzida apenas em 1847 –, levava a um “ambiente de stress considerável”, explica o museu.

A localização do sótão, ao mesmo nível da ala feminina, facilitava também o transporte das doentes para a sala de operação.

Colocar o auditório [de cirurgias] no Sótão de Ervas da igreja permitiu uma separação em relação à ala [feminina]. Permitiu uma entrada separada para os estudantes, e possibilitou um ambiente à prova de som. Como era no mesmo nível que a ala de cirurgias feminina, possibilitou o transporte das pacientes para o auditório”, afirma o museu.

Em 1862, aquando da relocalização do hospital St. Thomas, a sala de cirurgias foi abandonada e o acesso da ala feminina para o espaço foi tapada. Até meados dos anos 1950, o único acesso ao auditório de operações consistia numa pequena abertura numa das paredes do primeiro andar da igreja, a que se seguia uma estreita escada em caracol até à sala de cirurgias.

Em 1956, o local foi descoberto por Raymond Russel, que investigava à época a história do hospital St. Thomas.

O local foi então reconvertido num museu, aberto ao público em 1962, conhecido como “The Old Operating Theatre” — em inglês, O antigo Auditório de Operações –, pertencente ao “Museu & Sótão de Ervas”.