Uma sobrevivente de um campo de concentração nazi, Inge Auerbacher, pediu esta quinta-feira que se combata o ódio contra os judeus, que classificou com um “cancro”, num discurso feito por ocasião do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

Infelizmente, o cancro reanimou e o ódio aos judeus voltou a ser comum em muitos países do mundo, incluindo na Alemanha”, assegurou esta norte-americana de origem alemã, que foi deportada aos 7 anos para Theresienstadt, um campo de concentração e de extermínio nazi atualmente localizado em território da República Checa.

“Esta doença deve ser curada o mais rapidamente possível”, acrescentou a sobrevivente, num discurso realizado no parlamento alemão por ocasião do 77.º aniversário da libertação do campo de concentração e extermínio nazi de Auschwitz-Birkenau, na Polónia, pelo Exército Vermelho, na Segunda Guerra Mundial.

Libertação de Auschwitz: 77 anos do extermínio que chocou o mundo

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“Vivo em Nova Iorque há 75 anos, mas lembro-me bem dessa época terrível e do ódio“, acrescentou a mulher, de 87 anos, que já escreveu vários livros sobre a sua experiência.

Neste discurso, feito perante o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente da Assembleia Legislativa (Knesset) israelita, Mickey Levy, Inge Auerbacher contou a história da sua deportação, em 1942, da região alemã de Baden-Württemberg para o campo de concentração de Theresienstadt.

Auerbacher recebeu um longo abraço do líder do Knesset, que chegou ao final do discurso de lágrimas nos olhos, enquanto os deputados alemães a ovacionaram de pé, segundo relataram as agências internacionais.

“Manter viva a memória do Holocausto é uma tarefa difícil, uma tarefa que recai sobre os ombros de cada geração”, sublinhou, lembrando que as últimas vítimas e testemunhas do Holocausto estão a morrer.

Em breve teremos de viver sem as histórias pessoais dos últimos sobreviventes“, observou o chanceler alemão, Olaf Scholz, numa mensagem divulgada pelo seu porta-voz na rede social Twitter.

As autoridades alemãs estão alarmadas há vários anos com o ressurgimento do antissemitismo, tendo o presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster, multiplicado os apelos para fortalecer a luta contra as ideias de extrema-direita, representadas no parlamento (Bundestag) desde 2017.

A Alemanha comemora, desde 1996, a libertação de Auschwitz-Birkenau no dia 27 de janeiro e declarou a data como o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram neste campo entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.

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