Uma carta perdida durante 51 anos, escrita por uma menina polaca, chegou em dezembro do ano passado ao verdadeiro destinatário, Genovefa Klonovska. “Pensei que me estavam a pregar uma partida”, disse após abrir o envelope que continha uma rosa feita à mão e dois bonecos de papel.

A carta foi encontrada juntamente com outras 17, num buraco de ventilação durante a demolição de uma parede no antigo edifício de correios em Vilnius, na Lituânia. “Os trabalhadores sugeriram deitar as cartas fora, mas eu decidi ligar para os correios”, contou Jurgis Vilutis, proprietário do edifício.

Klonovska — que tinha na altura 12 anos —, diz não ter memória da menina. Ewa escreveu-lhe, provavelmente, depois de encontrar a sua morada num anúncio para amigos por correspondência num jornal, escreve o The Guardian. Na carta conta que os autocarros já não passavam pela sua aldeia, pelo que tinha de andar a pé sob temperaturas de -23Cº.

“A perda [da carta] não marcou a minha vida. E se entregassem uma carta perdida de um pretendente à sua amada, e o seu casamento nunca tivesse acontecido?”, questionou Klonovska.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As cartas remontam aos anos 60 e 70, altura em que a Lituânia fazia parte da União Soviética — os remetentes eram familiares emigrados ou amigos por correspondência da Austrália, Polónia e Rússia.

Vilutis contou que as cartas devem ter sido escondidas por um trabalhador “sem escrúpulos” que as decidiu abrir em busca de dinheiro ou objetos de valor.

Na altura foram iniciadas buscas para encontrar os destinatários das cartas. “Sentimos o dever moral de o fazer” disse Deimante Zebrauskaite, o chefe do departamento do cliente dos Correios da Lituânia. No entanto, os nomes das ruas e os números das portas mudaram na capital lituana e apenas cinco pessoas foram localizadas.

“Uma senhora comparou a experiência com receber uma mensagem de uma garrafa atirada para o oceano. As pessoas ficaram emocionadas”, revelou Deimante Zebrauskaite.

E filhos de destinatários falecidos “viram uma parte da vida quotidiana dos seus pais” quando receberam as cartas perdidas.