Um panfleto que terá sido entregue aos jornalistas a reivindicar o rapto de Aldo Moro, em 1987, pelas Brigadas Vermelhas, foi vendido na quinta-feira pela leiloeira italiana Bertolami, em Roma, por 26 mil euros.

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O documento histórico alcançou um valor que superou todas as expectactivas — a estimativa inicial era de 1.300 a 1.700 euros — mas o leilão foi considerado por muitos como de mau gosto, refere o The Guardian.

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É que Moro, antigo primeiro-ministro italiano e líder dos democratas-cristãos não só foi raptado como mais tarde assassinado pelas Brigadas Vermelhas.

Impresso em papel timbrado das Brigadas Vermelhas e com a estrela característica do grupo de extrema esquerda dentro de um círculo, a nota é clara: “Quinta-feira, 16 de março, uma célula armada das Brigadas Vermelhas raptou e encarcerou numa prisão do povo ALDO MORO, presidente dos democratas-cristãos.”

O corpo de Moro viria a ser encontrado no porta-bagagem de um carro estacionado em Roma, 55 dias após o seu rapto, naquela que viria a ser a ação mais marcante deste grupo, que matou também cinco guarda-costas do político.

O antigo editor do jornal La Repubblica e também filho de um comissário da polícia que foi igualmente morto, em 1972, por um grupo ligado à extrema-esquerda, Mario Calabresi, foi uma das vozes críticas: “Estas páginas estão manchadas de sangue, não podem ser compradas e vendidas, tornam-se um artigo de coleção”. Por isso, acrescentou, deveria ser colocado num arquivo para todos se lembrarem “da barbaridade do terrorismo”.

Já um um ex-membro das Brigadas Vermelhas, Paolo Persichetti, afirma que o documento não era o original, mas uma cópia, da qual existem centenas nos arquivos estatais.

O folheto denuncia o imperialismo do Estado e chama a Moro o “padrinho político e executor mais fiel das diretivas emitidas pelas potências imperialistas”. Moro é diretamente responsável pelos “programas contra-revolucionários do Estado procurados pela burguesia imperialista”, afirma o documento.