No sudoeste da Eslovénia, cravada numa ravina com 123 metros de altura, localiza-se uma fortaleza de pedra conhecida como Predjama. É o maior castelo do mundo situado numa caverna.

A fortaleza foi construida no século XIII e é hoje em dia uma das maiores atrações históricas da Eslovénia. A fachada atual do castelo data da década de 1580, renovada segundo uma estilo renascentista, como explicou Voijko Jurca, historiador e guia local, à CNN.

Embutido na ravina, o castelo permitia uma vista completa para o vale onde se encontra, não sendo, contudo, observável a grande distância, o que lhe garantia uma vantagem estratégica em caso de ataques. Embora o acesso atual ao castelo seja possível através de uma ponte levadiça, o acesso original à fortaleza de pedra era possível apenas através de uma escada vertical que, permitindo aceder a uma janela no primeiro andar, podia ser recolhida rapidamente em caso de conflito iminente.

Ao entrar no castelo, o primeiro espaço visível era, à época, o salão nobre da fortificação. Aqui eram realizadas sessões públicas e julgamentos, assim como a receção de convidados. Na parede do salão virada para a ravina, uma porta de madeira dava acesso à sala de tortura, assim como às masmorras do castelo, localizadas no interior da caverna.

Passando o salão nobre, segue-se a sala de jantar, com paredes de 1,5 metros de espessura, de modo a isolar este espaço das baixas temperaturas que se faziam sentir em consequência do inverno esloveno, e da sombra da ravina que cobria o castelo. Também a cozinha, localizada junto da sala de jantar, servia como fonte de calor.

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No terceiro andar, por entre as seteiras, e ao lado de um terraço, localizava-se o quarto principal, a única área com uma lareira própria. O sótão, um andar acima, servia de quartel e armeiro assim como de posto de vigia. Este espaço serve agora como um museu do castelo onde está exposto armamento.

O espaço mais emblemático da fortaleza, contudo, é o pequeno anexo onde se localizava a latrina.

Cerco de um ano ao castelo terminou com uma traição na latrina

Na década de 1480, o barão Erazem von Lueg refugiou-se no castelo depois de matar o Conde Pappenheim, figura importante no Conselho do Império de Habsburgo. Em consequência, foi ordenado um cerco ao castelo de Predjama pelo Imperador Frederick III.

Auxiliado por uma rede de túneis secretos espalhados na caverna, Erazem garantiu o abastecimento regular do castelo durante o cerco. O confronto terminaria, ao fim de um ano e um dia, com a morte de Erazem von Lueg, traído por um dos criados.

Segundo contou o historiador Voijko Jurca à CNN, durante uma ida do barão à latrina, o criado, através de uma tocha a arder, deu sinal ao exército atacante, que disparou uma bala de canhão contra o anexo da latrina.

O castelo, como explica a Time Out, foi convertido em museu após a Segunda Grande Guerra, quando foi ocupado pelas autoridades jugoslavas.