Não podia ser mais claro: a CDU quer impedir a direita de crescer. Se os últimos discursos são sempre dedicados a apelar ao voto, esta noite na CDU nem por um momento se esqueceu a sombra da direita e extrema-direita que paira no ar.

“O voto na CDU é o voto mais seguro para defender os valores democráticos”, enfatizou Jerónimo lembrando que a CDU não surge apenas “em tempo de eleições, mas para defender os direitos conquistados e impedir retrocessos”.

E se o tom do discurso já mostra uma CDU ciente da formação do bloco central, ainda assim Jerónimo deixou um hipotético caderno de encargos para o pós eleições: “A CDU é a força da convergência para a seguir às eleições fazer valer direitos, valorizar salários e pensões, salvar o SNS, defender os direitos das crianças e dos pais, estabilidade na habitação e emprego.”

Nos últimos dias da campanha, a CDU apresentou-se como a única resposta que o eleitorado de esquerda que não queira alinhar com um bloco central tem no domingo: “Só o voto na CDU é seguro para rechaçar a direita, mesmo que ela venha pela mão do PS”.

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Ao PS já tinha deixado recados durante o dia. No final da tradicional arruada de Santa Catarina, no Porto, Jerónimo de Sousa não poupou nas críticas aos socialistas. Ainda que tenha sido uma arruada menos participada que a de quinta-feira no Chiado, a receção e o entusiasmo pela presença de Jerónimo foi bastante mais expressiva esta tarde no Porto.

Ao PS os recados: depois de ter ignorado durante uma semana o apelo à convergência feito pela CDU, mostrou-se disponível para “governar com todos” e os comunistas não perdoam.

“O PS bem pode dizer que quer governar, mas já veio dizer que quer governar lei a lei”, apontou Jerónimo por entre risos irónicos quando falou do “acordo de cavalheiros” que Augusto Santos Silva admitiu entre PS e PSD.

Mais, depois de já ter falado num “PSD maquilhado” nos últimos dias, esta sexta-feira puxou do “PSD vestido em pele de cordeiro” que tenta durante a campanha eleitoral “dissimular as verdadeiras propostas” para tentar dissuadir os eleitores e alertar para o perigo de acordos entre os partidos ao centro.

“Quem quer uma política de esquerda não a pode negociar com todos e muito menos com a direita ou a extrema-direita”, disse o secretário-geral comunista depois de alertar para as declarações de Augusto Santos Silva que admitia um “acordo de cavalheiros” entre PS e PSD: “Acordo de cavalheiros, vejam lá onde é que isto vai”.

“Dizer que se vai falar com todos é esconder uma decisão já tomada”, apontou frisando que “é inquestionável que o PS admite e provavelmente deseja entendimento com o PSD”.

Ao contrário do que aconteceu em 2019 com o comício final a terminar já perto da meia-noite, Jerónimo de Sousa fechou o comício pouco depois das 21 horas, com um forte aplauso dos militantes na sala e num registo bastante emotivo.