O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, e sua homóloga alemã, Annalena Baerbock, concordaram esta sexta-feira, durante uma conversa telefónica, prosseguir os esforços diplomáticos para resgatar o acordo nuclear iraniano.

Os chefes das diplomacias russa e alemã discutiram questões relacionadas com as propostas apresentadas na oitava ronda de negociações, em Viena, para recuperar o cumprimento do Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA) sobre o programa nuclear iraniano, informou em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

Em represália pela retirada unilateral dos Estados Unidos do JCPOA, em 2018, e a imposição de novas e severas sanções pela administração do então Presidente Donald Trump, o Irão abandonou a maioria dos seus compromissos.

Teerão iniciou o enriquecimento de urânio até um grau de pureza de 60%, aproximando-se do nível de 90% que lhe pode garantir o fabrico da arma atómica.

De acordo com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o armazenamento de urânio tem aumentado diariamente e muito para além do limite acordado em 2015.

Após a sua eleição, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que sucedeu a Trump, afirmou pretender o regresso de Washington ao acordo, e os EUA participam de forma indireta nas atuais negociações.

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Na conversa telefónica desta sexta-feira, realizada por iniciativa do lado alemão, Lavrov e Baerbock manifestaram ainda o seu apoio ao trabalho que está a ser realizado através de Formato Normandia (integrado por Alemanha, França, Rússia e Ucrânia) para promover a implementação dos acordos de Minsk sobre a crise no leste da Ucrânia.

“Lavrov voltou a chamar a atenção para as iniciativas russas de garantias de segurança na Europa e compartilhou a primeira reação (de Moscovo) aos documentos dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em resposta a estes”, acrescentou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

O ministro russo disse à sua homóloga alemã que a prioridade para a Rússia é que a NATO não se expanda e não instale armamento que ameace o território russo.

A Ucrânia e os países ocidentais acusaram a Rússia de ter enviado pelo menos 100.000 tropas para a fronteira ucraniana, nos últimos meses, com a intenção de invadir de novo o país vizinho, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia, em 2014.

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A Rússia negou essa intenção, mas disse sentir-se ameaçada pela expansão de 20 anos da NATO ao Leste europeu e pelo apoio ocidental à Ucrânia.

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Moscovo exigiu o fim da política de expansão da NATO, incluindo para a Ucrânia e a Geórgia, a cessação de toda a cooperação militar ocidental com as antigas repúblicas soviéticas e a retirada das tropas e armamento dos aliados para as posições anteriores a 1997.

Os Estados Unidos e a NATO rejeitaram formalmente, na quarta-feira, as principais exigências de Moscovo, mas propuseram a via da diplomacia para lidar com a crise.

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Outras questões relacionadas com as relações bilaterais russo-alemãs também foram discutidas durante a conversa telefónica esta sexta-feira entre os dois responsáveis.

Lavrov, segundo a nota, pediu mais uma vez ao Governo de Berlim que ponha fim às “ações discriminatórias” contra o canal de televisão russo RT, que transmite em alemão.