O Presidente francês, Emmanuel Macron, pediu a “libertação imediata” da investigadora franco-iraniana Fariba Adelkhah, que está presa no Irão, disse este domingo a presidência francesa.

Macron fez o apelo durante um “longo” telefonema, realizado com o Presidente iraniano, Ebrahim Raïsi, de acordo com um comunicado da presidência francesa.

Fariba Adelkhah, uma antropóloga de 62 anos, está presa no Irão desde junho de 2019.

A investigadora estava em prisão domiciliária desde outubro de 2020, mas foi mandada de volta à prisão no início deste mês.

Fariba Adelkhah recebeu uma sentença de cinco anos por “reunião e conluio” contra a segurança do Irão.

As autoridades francesas disseram que a sua condenação é “puramente política e arbitrária”.

Macron também expressou a sua “preocupação” com a situação de outro cidadão francês detido no Irão e que está em greve de fome, segundo a nota da presidência francesa.

Benjamin Brière, de 36 anos, foi condenado a oito anos de prisão por acusações forjadas, segundo o advogado do francês, de espionagem e propaganda.

Brière foi preso em maio de 2020 depois de tirar fotos numa área desértica do Irão, onde fotografar é proibido, e questionar o uso do lenço islâmico obrigatório para as mulheres no Irão em meios de comunicação sociais.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A França e outras potências mundiais estão em negociações com o Irão em Viena para resgatar o acordo nuclear iraniano de 2015.

Macron “insistiu na necessidade de acelerar (as negociações) para obter progressos tangíveis rapidamente”, disse o comunicado.

Grupos de direitos humanos acusam os radicais das agências de segurança do Irão de usar detidos estrangeiros como moeda de troca por dinheiro ou influência nas negociações com o Ocidente.

Teerão nega, mas já houve trocas de prisioneiros no passado. Em março de 2020, o Irão e a França trocaram o investigador francês Roland Marchal pelo engenheiro iraniano Jalal Ruhollahnejad.

Presidente francês não esqueceu programa nuclear

O Presidente francês, Emmanuel Macron, insistiu na “necessidade de acelerar” as negociações para “alcançar um progresso” sobre o programa nuclear iraniano, durante uma conversa telefónica com o seu homólogo iraniano, Ebrahim Raïsi, segundo um comunicado da Presidência francesa.

“Sobre o acordo nuclear de 2015, o Presidente da República reiterou a sua convicção de que uma solução diplomática é possível e imperativa, e observou que qualquer acordo exigirá compromissos claros e suficientes de todas as partes, nos quais a França está a trabalhar com todos os seus parceiros”, sublinha a nota.

“Vários meses após o retorno das negociações em Viena, [Macron] insistiu na necessidade de acelerar para alcançar rapidamente um progresso tangível nesse quadro”, acrescenta o comunicado à imprensa.

Durante uma “longa conversa” com o seu homólogo iraniano, Emmanuel Macron enfatizou “a necessidade de o Irão demonstrar uma abordagem construtiva e retornar à plena implementação das suas obrigações”.

A Presidência iraniana, por sua vez, disse também num comunicado que “nas negociações a República Islâmica provou a sua disposição e seriedade para chegar a um acordo, e qualquer esforço da outra parte nesse sentido deve incluir o levantamento de sanções, verificação e uma garantia válida”.

Na sexta-feira, a França declarou que a negociação poderiam “ter sucesso”, quando as negociações entre os países ocidentais e Teerão, em Viena, foram suspensas para que os participantes retornassem aos seus respetivos países para consultas e instruções.

As discussões sobre o programa nuclear iraniano será retomado na próxima semana.

Teerão enfatizou, esta semana o “progresso na direção certa”, mesmo que “ainda haja importantes questões pendentes” que exigem “decisões políticas de Washington”.

As conversações foram abertas em abril, em Viena, e retomadas no final de novembro após uma suspensão de cinco meses, para implementar este “regresso mútuo” ao acordo firmado em 2015.

O acordo, alcançado entre o Irão, por um lado, e a Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e a Rússia, por outro, ofereceu à República islâmica um alívio drástico das sanções internacionais em troca de limitações igualmente drásticas ao seu programa nuclear.

Porém, em 2018, sob a presidência de Donald Trump, que alegou incumprimento do acordo por parte do Irão, os EUA saíram do pacto e restabeleceram sanções económicas contra o regime iraniano que, em resposta, se libertou gradualmente das restrições às atividades nucleares.

A chegada à Casa Branca do Presidente Joe Biden tornou possível o relançamento das discussões.

Os norte-americanos estão a participar indiretamente, sem nunca se terem encontrado com os iranianos, enquanto a União Europeia e as outras partes desempenham o papel de mediadores.

Na segunda-feira, o Irão considerou pela primeira vez negociar diretamente com os EUA, que disseram estar prontos para estas discussões “urgentes”.

Washington insiste que o tempo se está a esgotar, tendo em conta o aumento contínuo do programa nuclear de Teerão.