A Amnistia Internacional divulgará na terça-feira o seu relatório classificando como “apartheid” a política de Israel em relação aos palestinianos, apesar dos apelos do Estado hebreu, indicou esta segunda-feira a secretária-geral da organização não-governamental, Agnès Callamard.

Depois de ONG locais e da Human Rights Watch (HRW), a Amnistia Internacional (AI) vai divulgar um volumoso relatório em que acusa Israel de praticar uma política “de apartheid” em relação aos palestinianos e aos árabes israelitas, descendentes de palestinianos que ficaram em Israel após a criação do país, em 1948.

Esta segunda-feira, o chefe da diplomacia israelita, Yaïr Lapid, exortou a Amnistia a não divulgar esse relatório considerado “antissemita”, num vídeo transmitido à imprensa antes do levantamento do embargo do relatório da AI que circula há alguns dias.

A Amnistia foi em tempos uma organização estimada, que todos nós respeitávamos. Hoje, ela é exatamente o oposto”, declarou Lapid, acusando a ONG de “não ser uma organização de defesa dos direitos humanos, mas uma organização radical”.

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“Israel não é perfeito, mas é uma democracia assente no direito internacional, aberta a críticas (…) Não gosto de dizer que se Israel não fosse um Estado judeu, ninguém na Amnistia ousaria atacá-lo, mas não vejo outra explicação”, acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita.

Por sua vez, o Congresso Judaico Mundial acusou a AI, uma ONG de defesa dos direitos humanos com sede em Londres, de “diabolizar” Israel.

“Vamos divulgar o relatório amanhã (terça-feira). O relatório é o fruto de quatro anos de trabalho, de investigação e de compromisso com os princípios do movimento Amnistia. Temos 70 secções em todo o mundo, representando dez milhões de pessoas que apoiam este relatório e estão prontas para o seu lançamento”, declarou Agnès Callamard em Jerusalém.

“Teríamos gostado de ter uma conversa com o ministro dos Negócios Estrangeiros quando o contactámos pela primeira vez, em outubro passado, para discutir sobre o relatório, mas não obtivemos resposta. Agora, é demasiado tarde para nos pedir para não divulgarmos o relatório”, defendeu.

“Uma crítica às práticas do Estado de Israel não é, de forma alguma, uma forma de antissemitismo. A Amnistia condena fortemente o antissemitismo (…) e denunciámos o antissemitismo de muitos líderes [políticos] de todo o mundo”, acrescentou a secretária-geral da ONG.