O Presidente cabo-verdiano alertou esta quarta-feira para a instabilidade na África Ocidental após três golpes de Estado em 18 meses e uma tentativa falhada na terça-feira na Guiné-Bissau.

José Maria Neves pediu soluções à Comunidade Económica de Estados da África Ocidental, que esta quarta-feira felicitou a “calma” e a “coragem” do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, durante o ataque à sede do Governo.

Para o Presidente da República de Cabo Verde, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) deve avaliar “com profundidade” as causas dessa instabilidade na região e procurar soluções que levam à maior segurança, maior estabilidade e consolidação democrática.

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Evitando assim mais golpes ou tentativas de golpes de Estado que poderão levar à deterioração da nossa comunidade e da democracia e à crise da política na nossa região”, afirmou, lembrando que a África Ocidental ainda tem outros desafios, como o terrorismo e o narcotráfico, que entendeu devem ser considerados.

“E também, globalmente, a melhoria da governança para que haja políticas públicas consistentes, orientadas para a solução dos problemas das pessoas, para o desenvolvimento sustentável da nossa região e se garantir a paz, a tranquilidade, em toda a região e em todo o continente africano”, completou.

Relativamente à Guiné-Bissau, o chefe de Estado voltou a afirmar que falou com o seu homólogo guineense, Umaro Sissoco Embaló, que lhe garantiu que a situação está “sob controlo”, embora ainda sob investigação.

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“Estamos a aguardar mais esclarecimentos relativamente aos contornos, aos meandros da tentativa de golpe de Estado que se verificou ontem [terça-feira]. O nosso apelo é para que a gestão do pós-golpe se faça com a necessária contenção para se evitar mais violência”, pediu.

CEDEAO felicita calma e coragem do presidente guineense

O representante da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) na Guiné-Bissau, Emmanuel Ohim, disse esta quarta-feira que a organização felicita a “calma e coragem” do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, durante o ataque à sede do Governo.

Em declarações aos jornalistas, à saída de uma audiência com Sissoco Embaló, o representante da CEDEAO disse ter-se deslocado ao Palácio da Presidência, em Bissau, para transmitir a mensagem das autoridades da organização sub-regional africana e ainda disponibilizar apoios.

“Transmiti-lhe os apoios da CEDEAO, ao seu regime, ao seu Governo e ao povo da Guiné-Bissau. Igualmente exprimir ao Presidente da República a condenação firme e sem reserva da tentativa de golpe de Estado”, afirmou Emmauel Ohim.

O representante da CEDEAO disse que “ninguém poderia imaginar” o que seria da Guiné-Bissau caso a ação dos homens armados, ainda por identificar, tivesse tido sucesso. Neste particular, afirmou que a organização enaltece a resposta dada por Umaro Sissoco Embaló à situação.

“Também pude transmitir ao chefe de Estado as felicitações das autoridades da CEDEAO pela sua calma e coragem que manteve para sair ileso, são e salvo, daquele acontecimento que durou cinco horas”, sublinhou Ohim.

Disse ainda ter transmitido a Embaló a disponibilidade da CEDEAO em continuar os apoios na sua luta contra a corrupção e o tráfico de droga na Guiné-Bissau, bem como no relançamento da economia e do próprio desenvolvimento do país.

Vários tiros foram ouvidos na terça-feira perto da hora de almoço junto ao Palácio do Governo da Guiné-Bissau onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam.

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Entretanto, segundo fonte governamental, militares entraram cerca das 17:20 no palácio do Governo e ordenaram a saída dos governantes que estavam no edifício.

Em declarações aos jornalistas, no Palácio da Presidência, o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló afirmou ter-se tratado de um “ato bem preparado e organizado e que poderá também estar relacionado com gente relacionada com o tráfico de droga”.

O ataque provou pelo menos onze mortos e quatro feridos, segundo fontes militares e médicas.