O Santander Portugal fechou o exercício de 2021 com lucros de 298,2 milhões, o que compara com os 296 milhões de euros que tinham sido ganhos no ano anterior. É uma subida de 0,9% nos lucros do banco liderado por Pedro Castro e Almeida, presidente-executivo que esta quarta-feira apresentou os resultados anuais em Lisboa – apenas presencialmente – e, poucos dias depois de o PS obter maioria absoluta, pediu prioridade à redução da dívida pública.

Pedro Castro e Almeida comentou, em alusão ao resultado das últimas eleições, que a “expectativa é que haja uma continuação da política de consolidação orçamental”. “Já sabemos que o BCE vai diminuir as compras de dívida pública, embora não seja para amanhã, portanto nos próximos anos devemos aproveitar este crescimento económico e temos de continuar a consolidar [as finanças públicas]”, atirou.

Se chegarmos daqui a três anos com 115%, com 117%, ou 120% de dívida pública vamos ter um problema“, continuou o banqueiro, avisando que “temos de baixar a perceção de risco à medida que o BCE deixa de fazer compras e as taxas de juro também sobem”. Portugal fechou 2021 com dívida pública equivalente a 127,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

A convicção do presidente do Santander é que o facto de haver um Governo maioritário dá um maior “grau de liberdade” mas também “exigência” em relação ao executivo liderado por António Costa, um executivo que poderá ter melhores condições para atrair “talento” porque, diz Pedro Castro e Almeida, “talvez algumas pessoas que não quereriam ir para um governo de combate, mais político, talvez queiram entrar para um governo com um plano a quatro anos para executar”.

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Sobre os resultados anuais, “em 2021, o resultado líquido do Banco Santander registou um crescimento ligeiro face ao período homólogo”, afirma o banco, salientando que “este foi mais um ano marcado pela pandemia e pelo seu impacto na economia, e foi também um ano em que consolidámos a implementação de um profundo processo de transformação que nos permitirá enfrentar os desafios do futuro de forma mais robusta”.

O banco assinalou que atingiu um milhão de “clientes digitais”, no mesmo ano em que os depósitos aumentaram 6,8%. Porém, com a concorrência a fazer cair os spreads no crédito e as taxas de juro em níveis baixos ou negativos, a margem financeira da instituição baixou 7,2% para 729,6 milhões (o indicador chave para o setor bancário porque reflete, em termos simples, a diferença entre aquilo que o banco paga para se financiar – incluindo com depósitos – e os juros que cobra pelos créditos que concede).

As comissões líquidas aumentaram 14,3% (para 426,6 milhões) e os custos operacionais do banco baixaram 8,4%, numa altura em que o banco tem em curso um plano de rescisões por mútuo acordo e, também, um despedimento coletivo. O número de colaboradores em Portugal baixou em 1.175 pessoas, para 4.805, com menos 79 agências do que no ano passado (348, no final de 2021) – 49 saíram por despedimento coletivo.

Foi dessa forma que o Santander conseguiu ter um rácio de eficiência de 40,1% (melhor em 4,9 pontos percentuais), o mais baixo da história recente do banco. A média de idades das pessoas que saíram foi de 53 anos, indicou o banqueiro.

Pedro Castro e Almeida acrescentou que não existem “sinais de grande preocupação” em relação às moratórias bancárias e também não antevê “um grande impacto” das novas regras anunciadas pelo Banco de Portugal esta semana relativamente aos prazos máximos no crédito à habitação. Para as pessoas, diz o banqueiro, “a subida dos preços das casas terá um impacto maior do que [alterações ao] acesso ao crédito”.

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O banco indicou, ainda, que deverão ser pagos à casa-mãe 480 milhões de euros em dividendos, ainda relativos aos lucros de 2019, quantificando uma intenção que foi noticiada na terça-feira pelo Observador.

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“Em relação a 2022, estamos otimistas. Temos consciência dos desafios que temos pela frente, bem como das nossas capacidades e da estratégia implementada para, neste momento ímpar de recuperação económica, continuarmos a desenvolver o nosso propósito de ajudar as pessoas e as empresas a prosperar”, afirma o Santander Portugal.