Cerca de uma em cada duas empresas já atingiu ou superou o nível de atividade pré-pandemia, mas apenas uma em cada seis recuperou os níveis de exportações, segundo um inquérito esta sexta-feira divulgado pela Associação Empresarial de Portugal (AEP).

Os resultados do inquérito de janeiro da AEP junto de 320 empresas associadas, de todo o país e de vários setores de atividade, apontam ainda que mais de dois terços (68%) reclamam que os fundos comunitários do PT2030 sejam “essencialmente orientados” para o tecido empresarial, “ao contrário” do que aconteceu com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

A redução das contribuições para a Segurança Social (referida por 65% dos inquiridos), o reforço do apoio à formação profissional de ativos (61%), a redução do IRC (57%), o reforço efetivo dos mecanismos de capitalização das empresas e a flexibilização da legislação laboral (ambas com 43%) são as principais políticas de estímulo ao crescimento da atividade económica e às exportações defendidas pelos empresários.

O nosso último inquérito mostra-nos que é urgente uma estratégia clara e integrada, com medidas concretas para recuperar a atividade económica, melhorar a competitividade da economia portuguesa e relançar e reorientar o investimento. São as três grandes prioridades que a AEP defende e que permitiriam alcançar um crescimento económico acima do projetado no cenário macroeconómico, comentou o presidente da associação, em declarações à agência Lusa.

Segundo salienta Luís Miguel Ribeiro, “o PRR e o PT2030 devem ser aproveitados de forma eficaz e eficiente para levar a cabo as reformas necessárias”.

O inquérito aponta ainda a redução dos custos da energia e dos combustíveis como outras medidas importantes para o estímulo à economia, com 82% das empresas a destacarem o custo das matérias-primas como a principal dificuldade sentida na sua atividade, seguida da falta de mão de obra especializada (73%) e dos custos dos transportes e da energia e da falta de matérias-primas (todas com 64%).

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Outros “entraves” sentidos pelas empresas são a falta de confiança política e de formação especializada, os prazos de cobrança muito longos, a desindustrialização, dificuldades de financiamento e de apoio às pequenas e médias empresas (PME) e a elevada burocracia do Estado.

O presidente da AEP nota ainda que “uma das conclusões do inquérito indica que a maioria das empresas quer investir já em 2022”, o que “mostra confiança, mas também revela que o Governo tem de acelerar no PT2030″.

“Significa que os fundos têm de ser desburocratizados e colocados ao serviço das empresas”, enfatiza.

Numa altura em que o teletrabalho passou de obrigatório a “recomendado”, o estudo aponta ainda que só cerca de uma em cada 10 empresas está com um regime maioritariamente de teletrabalho, enquanto no futuro apenas uma em cada 15 pensa adotá-lo.