“Pedimos a retirada e objeção do estatuto de observador de Israel na União Africana”, disse Mohammad Shtayyeh numa intervenção durante a 35.ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da UA, qualificando a acreditação de Israel como uma “recompensa imerecida” devido aos abusos que diz terem sido cometidos pelo Governo israelita contra os palestinianos.

“Os povos do continente africano conhecem muito bem a devastação e a desumanização que caracterizam o colonialismo e os sistemas conexos de discriminação racial institucionalizada”, afirmou o primeiro-ministro palestiniano frente às dezenas de chefes de Estado africanos que estão hoje reunidos na sede da UA, em Adis Abeba, na Etiópia.

Citando um relatório da Amnistia Internacional publicado esta semana, Mohammad Shtayyeh afirmou que “Israel nunca deveria ser recompensado pelas suas violações e pelo regime de ‘apartheid’ que impõe ao povo palestiniano”.

A decisão de julho passado do presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, de acreditar Israel motivou fortes protestos entre vários dos 55 Estados membros da União, incluindo a África do Sul e a Argélia, que alertaram que a decisão ia contra as declarações de apoio da organização aos territórios palestinianos.

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De acordo com a agenda da cimeira, está marcado para domingo um debate sobre este tema.

Segundo diversos analistas citados pela agência France-Presse (AFP), uma possível votação sobre este tema poderia marcar uma cisão sem precedentes na história da União Africana, criada há 20 anos.

No seu discurso de abertura na cimeira, alguns minutos antes, o presidente da Comissão da UA defendeu a decisão que tomou e apelou a “um debate calmo”.

Moussa Faki Mahamat assegurou que o compromisso da UA com a “busca pela independência” dos palestinianos era “imutável e só pode continuar a fortalecer-se”, afirmando que a sua decisão de conceder a acreditação a Israel pode ser “um instrumento ao serviço da paz”.