Na época passada, o Lille foi campeão francês. A equipa de Christophe Galtier venceu os milhões de Lionel Messi, lembrou os tempos áureos de Hazard e companhia na Ligue 1 e assentou nos golos de Burak Yılmaz e Jonathan David, na qualidade de Soumaré e Ikoné, na segurança de Mike Maignan e nos portugueses José Fonte, Tiago Djaló, Renato Sanches e Xeka para fazer o impensável. Impensável, principalmente, se olharmos para a classificação a meio da temporada seguinte — atualmente, o Lille é 10.º, a 21 pontos do líder PSG.

Não é difícil entender o porquê. Galtier deixou o Lille para assumir o comando do Nice, Maignan saiu para o AC Milan, Soumaré para o Leicester, Luiz Araújo para o Atlanta United, Ikoné para a Fiorentina e até Yazici e Reinildo, já no mercado de inverno, reforçaram CSKA Moscovo e Atl. Madrid. Chegou Jocelyn Gourvennec para orientar a equipa e foram contratados Onana, Grbić, Gudmundsson, Zhegrova e até o experiente Ben Arfa. Mas a espinha dorsal que tinha conquistado a Ligue 1 com mais um ponto do que o PSG já não estava lá.

Era neste contexto que o Lille, com apenas uma vitória nas últimas três jornadas, recebia este domingo o PSG. Um PSG com uma única derrota para o campeonato esta temporada, com mais 10 pontos do que o segundo classificado e com Messi, Mbappé e Di María no trio ofensivo — mas que vinha de uma surpreendente eliminação na oitavos de final da Taça de França frente ao Nice. Para além dos três da frente, Mauricio Pochettino lançava Danilo Pereira no meio-campo, em conjunto com Verratti e Paredes, e também Nuno Mendes era titular na esquerda da defesa. Do outro lado, José Fonte era o único português no onze inicial, já que Tiago Djaló e Xeka começavam no banco e Renato Sanches ficava de fora por lesão.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Curiosamente, o jogo era particularmente especial para José Fonte: o central português de 38 anos, desde 2018 no Lille, realizava este domingo o 100.º encontro como titular e capitão dos franceses na Ligue 1. O PSG abriu o marcador logo nos primeiros minutos com um golo totalmente português, com Nuno Mendes a desequilibrar na esquerda para cruzar e ver Danilo Pereira aproveitar a defesa incompleta de Grbić para empurrar para a baliza (10′). O Lille reagiu já perto da meia-hora, com Sven Botman a empatar na sequência de uma assistência de Ben Arfa (28′), mas a equipa de Pochettino não permitiu que a igualdade abrisse espaço à reviravolta.

Já depois da meia-hora, Kimpembe repôs a vantagem na sequência de um canto e de mais um erro de Grbić, que não agarrou a bola ao primeiro poste (32′), e Lionel Messi aumentou a vantagem já perto do intervalo ao picar por cima do guarda-redes após um alívio incompleto a uma arrancada de Mbappé (38′). No fim da primeira parte — e com Di María a sair lesionado, substituído por Draxler –, o PSG estava a ganhar tranquilamente e devido a três erros defensivos e evitáveis por parte da defesa do Lille.

Na segunda parte, com pouco mais de cinco minutos cumpridos, os parisienses mostraram que tinham voltado do balneário com a mesma energia e carimbaram a goleada por intermédio de um protagonista improvável. Danilo, com um pontapé de fora de área que ainda desviou num adversário, bisou e aumentou a vantagem do PSG (51′). Mbappé fez o quinto golo a pouco mais de 20 minutos de fim, com um remate na sequência de uma assistência de Verratti (67′), e Jocelyn Gourvennec só mexeu nesta altura para trocar Ben Arfa e Weah por Bradaric e o ex-Boavista Angel Gomes.

Até ao fim, já pouco aconteceu. O PSG atropelou o Lille, que sofreu três golos por culpa própria, e já leva 14 jornadas consecutivas sem derrotas na Ligue 1, afundando o campeão em título a meio da tabela. Uma goleada made in Portugal: Danilo bisou, Nuno Mendes assistiu e os parisienses levaram a melhor.