A Câmara de Portalegre lançou esta semana uma campanha para sensibilizar a população para a poupança e consumo eficiente de água, devido à seca que assola a região, estando ainda a preparar mais medidas.

Intitulada “Poupar água é garantir o futuro!”, a iniciativa pretende incentivar os munícipes à poupança e ao consumo eficiente e sustentado da água, atendendo ao “provável agravamento da situação de seca meteorológica” no continente, “já no final” do mês.

A campanha “foi pensada por causa da seca, para alertarmos as pessoas e a própria câmara, que tem também de dar o exemplo”, destacou esta quarta-feira à agência Lusa a presidente da câmara, Fermelinda Carvalho.

Segundo a autarca, o município está também a “desenvolver esforços e a estudar” um conjunto de medidas, para implementar a “curto prazo”, para reduzir o consumo de água em infraestruturas e espaços públicos, porque apenas deve ser regado “o que tem de ser regado”. A estratégia passa, por exemplo, por “otimizar” os aspersores colocados nos espaços verdes.

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Neste concelho alentejano, como em outros do país, “por vezes, os aspersores estão virados para as estradas, a regar o alcatrão, em vez de regarem aquilo que devem“, afirmou a autarca, defendendo que é preciso “incutir algum rigor” nestas práticas.

Fermelinda Carvalho considerou ainda que a rega nos espaços verdes deve ser efetuada durante uma fase do dia em que se “registe menos calor”, para evitar a evaporação da água. Para a presidente da câmara municipal, tendo em conta o previsível agravamento da seca meteorológica, é preciso “começar, desde já, a promover a gestão dos gastos” e a planear “os consumos“.

Só assim será possível garantir “a disponibilidade do armazenamento dos recursos hídricos e minorar os impactos da falta água”, tanto para os setores agroindustriais e de serviços, como para a população, defendeu.

A campanha de sensibilização contempla várias fases, “em que irão ser apresentados novos conteúdos programáticos e boas práticas de consumo racional de água, envolvendo a comunidade local”, explicou a autarquia.

Nesta primeira fase, de acordo com Fermelinda Carvalho, a iniciativa está a ser desenvolvida através das redes sociais e em contactos com “setores e áreas-chave de atividade”, no âmbito dos quais os consumos são considerados “significativos”, como empresas de restauração, escolas, associações, áreas de serviço, entre outras.

Contactada igualmente pela Lusa, a vereadora do município com o pelouro do ambiente, Laura Galão, indicou que os últimos dados publicados pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), referentes a 2019, indicam que o concelho de Portalegre regista “25,5%” de perdas de água não faturada (perdas em condutas).

“Para sistemas de abastecimento em baixa, ao consumidor final, o intervalo considerado como valor de referência é entre 0 e 20%. Nós temos 25,5% ao ano de 2019” o que “é um valor ligeiramente acima do intervalo, mas estamos a trabalhar no sentido de o melhorar”, disse.

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em janeiro “verificou-se um agravamento muito significativo da situação de seca meteorológica, com um aumento da área e da intensidade, estando no final do mês todo o território em seca, com 1% em seca fraca, 54% em seca moderada, 34% em seca severa e 11% em seca extrema”.

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