O primeiro-ministro interino da Líbia, Abdelhamid Dbeibah, sofreu esta quinta-feira uma tentativa de assassinato quando estava no interior de um veículo a caminho de casa, em Tripoli, revelou uma fonte próxima do político ao jornal The Libya Observer.

De acordo com a fonte, que preferiu não ser identificada, Dbeibah, que viajava no veículo como passageiro, escapou ileso do ataque e os agressores fugiram após terem efetuado vários disparos contra a janela do carro.

A Procuradoria-Geral líbia anunciou, entretanto, a abertura de uma investigação para esclarecer o caso.

O líder do Governo de Acordo Nacional (GAN) da Líbia, no poder desde março, declarou na quarta-feira que a sua administração continuará no poder até à realização de eleições legislativas, ainda sem data, e que não permitirá um poder paralelo como é a intenção do parlamento, que anunciou para esta quinta-feira a nomeação de um novo primeiro-ministro.

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Abdelhamid Dbeibah acusou a classe política “dominante” na última década de impor decisões ao parlamento, que lhe retirou a confiança em setembro, segundo denunciou o próprio político “de forma fraudulenta”, para semear o caos e a divisão no país.

Nesse sentido, Abdelhamid Dbeibah desafiou os deputados a realizarem uma nova sessão de votação, desta vez em regime aberto, e exortou os cidadãos a saírem às ruas para protestar contra o atraso no período de transição.

O parlamento, localizado na cidade oriental de Tobruk, realizou uma sessão na segunda-feira, na qual apareceram oito candidatos à chefia do Governo, incluindo o ex-ministro do Interior Fathi Bashaga, o ex-vice-presidente do Conselho Presidencial Ahmed Maitig e o empresário Mohamed al-Muntasir.

O parlamento aprovou ainda um novo roteiro para preparar a próxima fase do processo de transição, que prevê a apresentação de um texto constitucional alterado e, posteriormente, a realização de um referendo às alterações introduzidas, culminando em eleições legislativas num prazo máximo de 14 meses após a sua aprovação.

O Fórum para o Diálogo Político na Líbia (FDPL), que reúne 75 líderes de todo o país sob os auspícios das Nações Unidas, decidiu na sua última reunião limitar as prerrogativas do GAN por um período de 18 meses, até junho próximo.

No entanto, o parlamento insiste que o seu mandato “caducou” a 24 de dezembro, data em que estavam marcadas as eleições presidenciais, que foram adiadas indefinidamente.

As eleições presidenciais, inicialmente previstas para 24 de dezembro, seriam as primeiras nacionais após o acordo de reconciliação firmado em outubro de 2020, sob patrocínio da ONU, e deveriam ser o culminar de um processo difícil de pacificação do país, às quais se seguiriam as legislativas, um mês depois.

O adiamento foi decidido pela Alta Comissão Nacional Eleitoral (HNEC) líbia, a menos de 48 horas da data agendada para a sua realização, devido a divergências na base jurídica para a realização do escrutínio.

O principal obstáculo foram as candidaturas presidenciais apresentadas por Saif al-Islam, filho do antigo ditador líbio Muammar Kadhafi; pelo marechal Khalifa Haftar, o homem forte da fação que controla o leste do país; e pelo primeiro-ministro interino Abdelhamid Dbeibah, um bilionário que fez fortuna como diretor do escritório estatal de construção durante o regime de Kadhafi.

A Líbia mergulhou num caos político e securitário após o derrube de Muammar Kadhafi em 2011.