O Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, vai enviar uma missão ao Mali para avaliar a manutenção da presença militar da UE, que treina o Exército maliano desde 2013 no âmbito da EUTM Mali.

A medida foi decidida na videoconferência organizada pela França com os ministros da Defesa dos 15 Estados membros que integram a EUTM e cujo elemento central foi o futuro da presença militar no Mali, após as tensões com vários países europeus e que culminou na expulsão do embaixador francês.

Portugal é um dos países com militares nessa equipa de formação.

A França, presente no Sahel desde a intervenção militar em 2013 para repelir o avanço ‘jihadista’ no norte do Mali e que lidera o agrupamento de forças especiais Takuba, que reúne 13 países da UE, já anunciou a sua intenção de “adaptar” a força militar no Sahel.

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“Estamos a estudar essa adaptação com os nossos parceiros e acho que dentro de algum tempo estará completa, não digo alguns dias, digo algumas semanas”, disse quinta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Jean Yves Le Drian, a uma emissora francesa.

Fontes europeias indicam que o ajuste será decidido de acordo com a situação no terreno, sem que se saiba neste momento se os planos da França são de deixar o país ou optar por uma redução drástica de tropas.

Os contínuos atritos com a junta militar maliana, responsável por dois golpes desde 2020 e que atrasou os planos de transição democrática ao adiar as eleições marcadas para este mês, abalam a presença europeia no país.

Além das críticas à presença francesa, à expulsão do seu embaixador e à saída de tropas da Dinamarca, acrescenta-se que os militares malianos abriram as portas do país aos paramilitares russos do grupo privado Wagner, o que gerou desconfiança entre os europeus, que há uma década mobilizam tropas para o treino do Exército do Mali.

A vinda dos mercenários do grupo Wagner coincide com o aumento da atividade ‘jihadista’ no país, para o qual diversos atores alertaram, incluindo um relatório especial da ONU que apontou que todo o país está sob ameaça terrorista, exceto “uma bolha de segurança que agora está limitada a um círculo de 40 quilómetros em torno de Bamaco”.

Só nos últimos dias, os membros da Força Takuba mataram 30 suspeitos de terrorismo em operações perto das fronteiras com o Níger e o Burkina Faso, especialmente abalados pelo aumento das operações ‘jihadistas’ nos últimos anos.