Os independentistas sarauís da Frente Polisário afirmaram sexta-feira ter matado 12 soldados marroquinos em fevereiro durante vários ataques no território em disputa no Saara Ocidental.

“A morte destes 12 soldados é o resultado de vários dias de ataques durante o mês de fevereiro e toda a informação está documentada”, disse Abdelkader Taleb Omar, embaixador sarauí em Argel, à France-Press.

Segundo o diplomata, “além das perdas humanas, o inimigo sofreu perdas materiais”, acrescentando que os dois lados estão “a travar uma guerra de desgaste”.

A morte destes soldados não foi confirmada por fontes independentes.

As autoridades marroquinas geralmente abstêm-se de reagir às alegações da Frente Polisário.

No entanto, os meios de comunicação marroquinos, citando fontes de segurança, relataram recentemente ataques com drones [aparelhos aéreos não tripulados] do Exército marroquino contra “elementos armados da Polisário”, sem que tenha sido possível obter confirmação oficial.

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A agência sarauí SPS publicou esta semana os resultados das operações realizadas entre 1 e 8 de fevereiro ao longo do muro de areia que separa as duas partes em conflito, incluindo uma lista de nomes com as patentes dos 12 soldados marroquinos mortos nos ataques.

A questão do Saara Ocidental, uma antiga colónia espanhola considerada pelas Nações Unidas como um “território não autónomo”, colocou durante décadas Marrocos contra a Frente Polisário, apoiada pela Argélia.

Rabat, que controla mais de dois terços do território, propõe um plano de autonomia sob a sua soberania.

A Polisário apela a um referendo de autodeterminação sob a égide da ONU, que foi planeado aquando da assinatura de um cessar-fogo em 1991, mas nunca se concretizou.

Em meados de novembro de 2020, o cessar-fogo de 29 anos foi abalado após o destacamento de tropas marroquinas no extremo sul do território para desalojar combatentes pró-independência que estavam a bloquear a única estrada para a Mauritânia, algo que alegam ser ilegal porque não existia quando os acordos de 1991 foram assinados.

Desde então, a Polisário diz estar “num estado de guerra de autodefesa” e publica um relatório diário sobre as suas operações.

“Os combates vão continuar” mesmo que Marrocos “se recuse a reconhecer que há uma guerra”, afirmou Taleb Omar.

O enviado da ONU para o Saara Ocidental, Staffan de Mistura, visitou a região em janeiro para tentar reavivar o processo político para uma resolução do conflito, que está atualmente num impasse.