John Elkann, chairman da Stellantis e da Ferrari já tinha avançado, em Abril do ano passado, que a Ferrari colocaria no mercado o seu primeiro modelo 100% eléctrico em 2025, sem que isso beliscasse minimamente o potencial do modelo enquanto superdesportivo. Agora, foram revelados esboços técnicos que apontam algumas das soluções a que os técnicos italianos vão recorrer para garantir que esse primeiro Ferrari, alimentado exclusivamente a bateria, continuará a brilhar nos domínios da eficácia, do comportamento e do prazer da condução.

Esta promessa da Ferrari significa que o construtor transalpino está convencido que estão ultrapassadas as limitações causadas pelas baterias pouco eficientes – na relação densidade energética/peso/custos. É bom ter presente que foi este o argumento avançado em 2019, pelo então CEO Louis Camilleri, para optar por modelos electrificados como o SF90 Stradale, em vez de modelos 100% eléctricos.

Em Janeiro deste ano, o serviço de patentes dos EUA publicou mais registos da Ferrari. Sob o título “Electric or hybrid sport car”, os esboços revelam um coupé de dois lugares, com a estrutura de motor central atrás dos ocupantes, só que desta vez, em vez do conjunto formado pelo V8 biturbo e pela volumosa caixa de velocidades, está um pack de baterias. Isto resolve o problema de packaging dos acumuladores, que num desportivo como um Ferrari não podem ser colocados sob o chassi, para não tornar o modelo demasiado alto.

Faltam 4 anos para termos um Ferrari eléctrico

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os desenhos da Ferrari revelam ainda que o pack de baterias está pensado como um elemento estrutural, como os desenvolvidos pela Tesla, só que optimizado para ser substituído. Mas isto é apenas relativo ao pack principal de baterias, pois há um segundo pack colocado sob os assentos, muito fino, para evitar incrementar o volume do modelo. O facto de ter as células arrumadas em condições muito diferentes não deixará de obrigar a um esforço adicional para assegurar que todas elas trabalham à mesma temperatura, o que dificultará o trabalho do construtor.

Nas patentes registadas pelo construtor fundado por Enzo Ferrari é ainda possível perceber que o pack principal de baterias está colocado numa zona da plataforma cuja distância ao solo aumenta à medida que nos aproximamos da traseira, o que prova que o chassi do Ferrari eléctrico vai ter uma função de extractor, incrementando o apoio aerodinâmico sem recorrer às asas que limitam a velocidade máxima.

Se associarmos a estes desenhos os revelados quando a Ferrari registou as primeiras patentes em Janeiro de 2020, é possível perceber que a casa do Cavallino Rampante aposta num superdesportivo eléctrico com quatro motores eléctricos, dois por eixo, o que não só incrementará a potência, sem ter de recorrer a unidades muito volumosas, como permitirá optimizar dispositivos de controlo de estabilidade e de tracção, modulando ao gosto do clientes os modos de condução.