O Reino Unido acredita que o Serviço Federal de Segurança (FSB, ex-KGB) vai promover golpes nas principais cidades ucranianas, no seguimento de uma invasão russa.

Londres prevê que um ataque comece com a Rússia a atingir alvos militares, seguido de um cerco à capital, Kiev, e possivelmente a outras cidades maiores. É nessa altura que os agentes do FSB devem instalar líderes pró-Rússia no país.

Não foram avançados dados concretos para justificar este plano, escreve o jornal The Guardian, que sublinha, ainda assim, que o Reino Unido considera possível este cenário de uma “invasão central”, com o objetivo de “uma mudança de regime” na Ucrânia. Neste caso, a Rússia tentaria evitar derramamento de sangue e movimentações militares de alto risco.

O Reino Unido e os Estados Unidos acreditam que a Rússia já reuniu meios militares suficientes para invadir a Ucrânia, depois de o Kremlin ter destacado 135 mil tropas para zonas em torno da fronteira ucraniana. O ministro da defesa do Reino Unido, Ben Wallace, disse no fim de semana que um ataque era agora “altamente provável”, tendo mesmo interrompido as suas férias em família.

Vários países ocidentais têm feito alertas sobre as intenções da Rússia em relação à Ucrânia, incluindo a de que o Kremlin planeia criar um pretexto para invadir o país vizinho — a divulgação de um vídeo falso, com imagens violentas, foi uma hipótese avançada por Washington — e de que um grupo de cinco antigos políticos ucranianos foram recrutados para participar no golpe.

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A Rússia nega quaisquer planos para atacar a Ucrânia e apelidou os alertas ocidentais de “histeria”. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, também tem tentado acalmar os ânimos. “Neste momento, o maior inimigo do povo é o pânico”, disse no sábado.

Apesar do ceticismo ucraniano, o jornal alemão Bild já tinha também avançado, no início do mês, com base numa fonte de serviços secretos estrangeiros, que o Kremlin estava a tentar instalar um parlamento pró-Rússia na Ucrânia, e que queria perseguir ativistas ucranianos.

Em resposta, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, disse que o Bild tinha “ultrapassado todos os possíveis limites da ética e da moralidade genuína e humana”.

Os serviços secretos ucranianos têm vindo a denunciar repetidas interferências dos FSB no país desde o início da guerra com a Rússia, em 2014. No ano passado, por exemplo, disseram ter descoberto que os FSB planeavam fazer entrar explosivos no país a partir da Crimeia.O próprio Zelenskiy disse que tinha sido descoberta uma tentativa de golpe.