O chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau, general Biagué Na Ntan, que esta terça-feira regressou ao país, disse que os envolvidos na tentativa de golpe de Estado são pessoas reincidentes em atos do género.

Em declarações em crioulo aos jornalistas no aeroporto internacional de Bissau, Na Ntan, que esteve quase três semanas em tratamento em Barcelona, afirmou que, por duas vezes, as Forças Armadas detiveram aquelas pessoas, as quais, disse, o tribunal mandou soltar.

“O tribunal disse que não havia provas, aliás, que, no meu caso particular, como não fui assassinado, não havia crime e caso tivesse sido assassinado por eles, então, aí sim, essas pessoas seriam julgadas“, afirmou Biagué Na Ntan.

O general disse que não se tratou de novidade para si a tentativa de golpe de Estado do passado dia 1 de fevereiro. “Não é nada de novo, é um ato preparado há muito tempo pelas mesmas pessoas que estiveram envolvidas noutras tentativas”, sublinhou Na Ntan, para quem os envolvidos na conspiração “têm como objetivo desestabilizar” a Guiné-Bissau.

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O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas guineenses disse ainda que lamenta que “certas pessoas não queiram a paz” que, frisou, está a tentar implantar na Guiné-Bissau “nos últimos quatro anos”.

Quanto aos rumores que circularam no país nos últimos dias que davam conta de que teria morrido em Espanha, Biagué Na Ntan disse não estar preocupado e que apenas está empenhado com a estabilidade do país.

“Não estou preocupado com a minha morte hoje, estou preocupado com a falta de tranquilidade na Guiné-Bissau. É isso que quero dizer ao povo guineense”, declarou o general Na Ntan.

No dia 1 de fevereiro, homens armados atacaram o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam, e de que resultaram oito mortos.

O Presidente guineense considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado e apontou o ex-chefe da Marinha José Américo Bubo Na Tchuto, Tchamy Yala, também ex-oficial, e Papis Djemé como os principais responsáveis.

Os três homens foram presos em abril de 2013 por agentes da agência antidrogas norte-americana (DEA) a bordo de um barco em águas internacionais na costa da África Ocidental e cumpriram pena de prisão nos Estados Unidos.

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Os três alegados responsáveis pela tentativa de golpe de Estado foram detidos, segundo o Presidente guineense.

A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU. Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afetaram o desenvolvimento do país.