Os tribunais cubanos tornaram pública esta segunda-feira a primeira sentença que condena por sedição – contestação coletiva para derrubar um governo – 20 participantes das históricas manifestações de 11 de julho de 2021, inclusive cinco menores de idade (quatro rapazes e uma rapariga). Somando as sentenças dos 15 adultos condenados dá um total de 209 anos de prisão.

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Os menores enfrentam agora cinco anos com direitos limitados: ficaram com termo de residência, devem comparecer perante um juiz ocasionalmente, não podem sair da província onde moram, nem beneficiar de promoções de emprego ou de qualquer outra medida.

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Graças à pressão internacional e à atenção que a sociedade civil conseguiu despertar, é o primeiro julgamento em que é anunciado que as penas serão reduzidas. É ridículo condenar menores que nem sequer têm participação política por sedição. Como é que se prova que aquela manifestação tentou derrubar o governo? Em qualquer sítio, as pessoas manifestam-se contra o governo e isso não é crime”, explicou a ativista Salomé García Bacalao, ao jornal El Mundo.

Miguel Cabrera Rojas e Yosvany Rosell são os que vão cumprir 20 anos nas prisões, com o juíz a considerar como agravante para Rosell o facto de ter uma planta de marijuana em casa, que usava para consumo e não para venda.

Com uma sentença de 14 anos ficou Yoirdán Revolta Leyva e Miguel Enrique Girón e, entre os que receberam as condenações mais graves, estão também Marcos Pintueles e Yoel Sánchez: sete anos de prisão.

Nenhum destes detidos é militante de partidos da oposição. Com recurso a chantagem, as autoridades cubanas obrigaram a maioria deles a gravar declarações em que se declaravam arrependidos e explicavam que se tinham deixado levar até à violência, mas mesmo assim não conseguiram clemência dos tribunais.

Já foram julgadas 551 pessoas ligadas às manifestações do 11 de julho, das quais 145 foram acusadas. À espera da sentença estão outros 65 manifestantes, entre os quais há também menores de idade.

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