John Kirby, porta-voz do Pentágono, disse que os serviços de inteligência norte-americanos acreditam que Vladimir Putin ainda não tomou uma “decisão final” sobre se avança ou não para a invasão da Ucrânia. O responsável sublinhou também que ainda há “oxigénio para a diplomacia”.

Em conferência de imprensa, John Kirby referiu, contudo, que Putin está a preparar-se para uma eventual invasão e todas as suas movimentações demonstram que quer “seguir a via militar”. “O Presidente russo continua a avançar para uma ação militar. Ele está a fazer coisas que seriam expectáveis para uma grande ação militar”, frisou.

O porta-voz do Pentágono não confirmou que o ataque acontecerá quarta-feira, mas disse que, a haver invasão, acontecerá antes do fim dos Jogos Olímpicos de inverno, isto é, até dia 20 de fevereiro. John Kirby avançou que a Rússia pode atacar a Ucrânia “sem aviso prévio” com uma “grande ofensiva militar convencional na Ucrânia”, ou mesmo um ataque menor, para desestabilizar o país.

“Apoio tácito” da China à Rússia é “alarmante e destabilizador” para a segurança do mundo, avisa Pentágono

Considerando que a China e a Rússia se apoiam tacitamente, algo que é “alarmante e destabilizador” para a segurança do mundo, John Kirby indicou as relações entre os dois países estão mais fortes. E mencionou que o comunicado conjunto publicado a 4 de fevereiro — em que Vladimir Putin e Xi Jinping apresentaram uma “visão comum” sobre segurança global —, que demonstrou uma maior proximidade entre os dois Estados.

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Putin e Xi Jinping apresentam esta sexta-feira, em Pequim, “visão comum” sobre segurança global

Tendo em conta este contexto, em caso da invasão à Ucrânia, o porta-voz do Pentágono não tem dúvidas de que a China apoiará a Rússia.

Pentágono diz que Rússia está a tentar arranjar pretexto para ataque

John Kirby alertou ainda que a Rússia procura um “pretexto” para invadir a Ucrânia, estando em vias de arranjar um. Para o Pentágono, uma dessas justificações poderá ser a eventual possibilidade de Kiev invadir Moscovo — e daí haver legitimidade para uma contraofensiva.

Em caso de ataque, os EUA não planeiam enviar tropas para a Ucrânia. Não obstante, se essa for a vontade da NATO, o país estará disposto a aceitar a decisão da organização. John Kirby explicou também que o envio de tropas para a Polónia e para a Roménia serve para “proteger” os membros da organização e nunca como um pretexto para entrar na Ucrânia.

Ainda assim, Washington mostra-se disponível para reforçar a presença em países como a Polónia ou a Roménia, caso essa ação se justificar. O porta-voz do Pentágono apontou a questão dos refugiados ucranianos em caso de invasão russa — e, nesse contexto, os EUA podem enviar mais soldados para a Europa.

“Rússia pode ficar na Ucrânia durante longos períodos de tempo”, avança Pentágono

Na mesma conferência, o porta-voz do Pentágono divulgou que a Rússia tem capacidades militares e de infraestruturas para se manter na Ucrânia durante “longos períodos de tempo”.

“Não é apenas uma questão de números. São as capacidades de armamento […] que vão desde veículos blindados a unidades de infantaria, passando por forças especiais, os ciberataques ou mesmo defesa aérea e antimísseis”, disse Kirby.

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Pentágono acusa Rússia de não fazer nada para desescalar tensões

O porta-voz do Pentágono acusou a Rússia de não fazer nada para desescalar tensões e de não querer seguir a “via diplomática”. Para John Kirby, não devia ser necessário que pessoas tivessem de abandonar a sua “pátria” e a Ucrânia não devia ter um país “vizinho com tendências agressivas”.

“Há vidas em risco, há vidas russas em risco”, afirmou John Kirby, que indicou que um conflito não será “fácil” nem acontecerá sem “derrame de sangue”. “Haverá pessoas feridas e mortas.”

“Não há razão para isso”, prosseguiu John Kirby, que sinalizou que está nas mãos de Putin “tomar a decisão correta”.