1. O Bayern voa em termos nacionais e na Europa
2. Robert Lewandowski, ponto
3. Tem uma equipa de suporte invejável
4. A Bundesliga é melhor do que a “outra”
5. Uma viagem curta

O site oficial da Bundesliga não tinha dúvidas em explicar em cinco pontos as razões pelas quais “o Bayern ia bater o Salzburgo nos oitavos da Liga dos Campeões”. E ia buscar de tudo um pouco, do rendimento que a equipa mostrou na fase de grupos com seis vitórias noutros tantos jogos à liderança incontestável do Campeonato que tem o mesmo nomes do que a liga austríaca, passando pela competitividade interna, pelo plantel com mais e melhores opções, pelo The Best de 2020 e 2021 e até pela vizinhança dos dois conjuntos. No entanto, e como no futebol nem sempre a conta certa faz de dois mais dois quatro, a última partida dos bávaros, que perderam com o Bochum por 4-2 deixou um alerta à equipa na antecâmara de defrontar uma formação que conseguiu apenas pela primeira vez atingir a fase a eliminar da Liga milionária.

Diferenças à parte, de grandeza, de qualidade e de quantidade, também a história jogava a favor do Bayern: nas duas únicas vezes em que as duas equipas tinham jogado, na última fase de grupos da Champions, dois triunfos bávaros por 6-2 (fora) e 3-1 (casa); nas três eliminatórias com conjuntos austríacos na prova, três passagens à fase seguinte. No entanto, ainda era a última derrota com o Bochum que dava que falar.

“A minha filosofia, a minha abordagem ao jogo, não vou mudar nada. O nosso plantel ter uma determinada estrutura, apesar de termos algumas ausências de jogadores. E é uma ideia simples: se tivermos muitos jogadores dentro da área, as hipóteses de marcarmos são maiores. Não é apenas no remate que se faz, é nas segundas bolas e nos ressaltos, as chances de ficarmos com a bola são maiores. Mas o engraçado no meio de tudo isto é que só se discute quando há um resultado negativo. Quando ganhámos ao RB Leipzig tivemos um defesa a menos do que com o Bochum mas só agora é que dizem que fomos muito ofensivos. No final, tudo depende da forma como se joga, não é o sistema”, comentou o técnico Julian Nagelsmann.

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“Primeiro, estou muito satisfeito por podermos ter um encontro com a atmosfera de um jogo dos oitavos a eliminar da Liga dos Campeões. Salzburgo não é muito longe de Munique, é bom para os nossos fãs, também conheço aquela região até Salzburgo e sei que tem muitos adeptos do Bayern. Vai ser curioso ver como estará a atmosfera no estádio. Queremos deixar a nossa marca no jogo. Não consigo dizer como será o encontro, o Salzburgo é uma equipa que joga um futebol moderno, assente na velocidade mas também com um bocado de caos e temos de estar preparados para isso. Da nossa parte será uma questão de conseguir finalizar, ter eficácia e não morrermos só na beleza do que fazemos. É um jogo a eliminar, não há duas opções”, tinha destacado na véspera Thomas Muller, antes de abordar o último encontro na Bundesliga.

“Talvez não tenha sido bom para o Salzburgo aquilo que nos aconteceu com o Bochum. Quando se perde assim, a confiança fica abalada e acaba por espicaçar o nosso orgulho”, completara a esse propósito. As palavras não passaram em nada aos atos. E se o Bayern tinha estado mal na última jornada, pior se mostrou na prova onde aposta tudo e não tem margem de erro, numa exibição com demasiados erros defensivos e posicionais entre o completo eclipse das principais figuras ofensivas que acabou por ser apenas disfarçada por um golo de Coman a acabar que evitou uma noite que roçou a perfeição de um grande Salzburgo.

Apesar de não ter havido propriamente grandes sinais de perigo até a um remate de Gnabry na área para defesa de Philipp Köhn (10′), o Bayern ia de forma natural assumindo a partida enquanto o Salzburgo dava a volta às contrariedades, a maior quando Okafor teve de sair por lesão para a entrada de Chukwubuike Adamu (12′). Desenhando uma linha a três com Pavard como central à direita, com Gnabry e Coman nos corredores laterais para darem largura ao encontro, os alemães tentavam sem sucesso procurar espaços dentro da bem organizada estrutura sem bola dos austríacos. Mas era mais do que isso. E o que se passou até ao intervalo mostrou como existem noites em que os menos favoritos conseguem bater o pé aos melhores.

Numa transição rápida que com dois passes colocou a bola no último terço, o Salzburgo conseguiu ganhar superioridade numérica, colocou a bola a girar por Adeyemi e Aaronson e abriu espaço para o remate para o 1-0 de Adamu (21′). Três minutos depois, o mesmo Aaronson apareceu em posição frontal, atirou rasteiro mas Sven Ulreich, substituto do lesionado Manuel Neuer, evitou o segundo (24′). Os bávaros não faziam a diferença na frente, apesar de uma tentativa em boa posição na área de Leroy Sané (30′), e algumas vezes eram “apanhados” em saídas rápidas dos austríacos que poderiam ter surpreendido ainda mais quando Pavard teve uma distração, Adeyemi antecipou-se ao francês mas nem o VAR deu falta e expulsão.

Julian Nagelsmann, sentado de perna cruzada no banco, falava com o adjunto visivelmente irritado com o que se passava em campo, sendo que a segunda parte começou com mais uma saída com perigo do Salzburgo que acabou com um remate de Nicolas Seiwald à figura de Sven Ulreich. Coman teve um remate com muito perigo, Philipp Köhn teve depois uma intervenção fantástica na única transição rápida que conseguiu ter um efeito surpresa na organização defensiva dos austríacos travando a tentativa de Sané e a recarga de Gnabry mas a oportunidade mais flagrante pertenceu de novo à equipa da casa, com Sven Ulreich a evitar uma primeiro tiro de Adeyemi e Pavard a salvar em cima da linha o toque final de Adamu. A surpresa parecia ser um dado adquirido mas o Bayern, não fazendo para isso, chegaria ao empate ao minuto 90, com Muller a desviar de cabeça na área um cruzamento de Pavard e Coman a rematar sem hipóteses.