A EDP refuta suspeitas de ter feito uma exploração excessiva da produção hidroelétrica que tenha contribuído para o esvaziamento das barragens. Miguel Stilwell de Andrade foi categórico em responder não e garantiu esta quinta-feira que a EDP opera as centrais dentro dos parâmetros normais. “Temos feito uma gestão responsável e articulada com autoridades”, afirmou durante a apresentação dos resultados de 2021.

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O gestor sublinha, no entanto, que a seca “é um problema de todos”, destacando que em fevereiro choveu menos de um quinto do que é normal depois de um janeiro já anormalmente seco. “Não há água”, mas as barragens têm estado a operar dentro dos parâmetros normais de eficiência e dentro das cotas estabelecidas nos contratos de concessão. “Estamos aqui para fazer parte da solução. Não penso que tenha havido exagero”.

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Em fevereiro o Governo deu ordem de suspensão da produção hídrica em cinco barragens da EDP — Alto Lindoso, Alto Rabagão, Vilar, Cabril e Castelo de Bode —  para acautelar os usos prioritários da água, em particular para o consumo humano. A empresa admite que esta decisão terá impacto negativo nos resultados que já no final do ano passado se ressentiram da queda da geração hídrica, mas remete valores para as contas do primeiro trimestre.

Questionada sobre se prevê que a restrição à produção hídrica possa ser estendida a outras barragens por causa da seca, a administradora com o pelouro da produção, Ana Paula Marques, referiu apenas que a EDP está “muito atenta” ao nível das albufeiras que se encontram acima das cotas contratuais de forma a assegurar os usos prioritários para a água. Mas assinalou que também é preciso salvaguardar as necessidades energéticas do país”.

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Podem a seca e a restrição à produção hídrica levar a EDP a fazer maior exploração das centrais a gás natural? O presidente executivo explicou que a utilização destas centrais depende da sua competitividade, que, por sua vez, depende do preço do gás (em alta por causa da tensão na Ucrânia). “As nossas centrais têm sido menos competitivas em 2021 face a 2020. É uma questão de competitividade. Se não for rentável, não funcionam”.

A queda da produção hídrica em Portugal, face ao que seria expectável no inverno, tem sido apontada, nomeadamente pelo Governo, como a principal razão para o aumento das importações de eletricidade de Espanha. Alguns especialistas alertam contudo para o impacto que teve o fecho das centrais a carvão em 2021 no aumento da dependência energética do país vizinho. Mas para além do carvão que não existe, também a produção a gás natural não está aproveitar a potência instalada do lado de cá da fronteira por causa dos preços elevados deste tipo de geração.