Uma criatura futurística, criada a partir de meia tonelada de resíduos, está a partir desta sexta-feira exposta na Praça do Campo Pequeno, em Lisboa, numa chamada de atenção para a necessidade de preservação do meio ambiente.

A instalação artística “The Machine“, feita a partir de 500 quilogramas de resíduos recolhidos em praias e portos, foi criada para “chamar a atenção para a limpeza do ambiente e dos oceanos, especificamente junto de pessoas interessadas em videojogos”, disse à agência Lusa Isabell Kreuzeder, cofundadora do coletivo Skeleton Sea, responsável pela peça.

Para criar “The Machine”, inspirada pelo universo do videojogo “Horizon Forbidden West”, os elementos do Skeleton Sea usaram “todo o tipo de materiais”.

A escultura em si, de uma “criatura futurística”, é feita de “materiais mais ‘duros'”, que o coletivo geralmente encontra em sucatas: “muitos metais, partes de uma motosserra, ou pedaços de material de pesca, especialmente usado em barcos”.

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“O palco da escultura é feito com materiais encontrados em praias, como redes de pesca, bóias e partes de um barco de madeira“, descreveu Isabell Kreuzeder.

O Skeleton Sea, coletivo de artistas criado em 2005 e com base em Portugal, realiza “ações de limpeza em portos e em praias” e colabora com associações “que fazem limpezas da costa, dos rios, das florestas”. “Se precisamos de lixo específico para trabalhos específicos perguntamos às associações se têm”, contou Isabell Kreuzeder, acrescentando que, atualmente, “há 55 organizações em Portugal” que realizam estas ações de limpeza.

Na altura em que o coletivo surgiu “não havia consciência deste problema da poluição dos oceanos”. Dezassete anos depois, “o Oceano continua a “cuspir” muito lixo e o problema ainda não está controlado”. “Se fizermos algo agora — nós a uma pequena escala, embora também seja necessário ações em larga escala, definir áreas de conservação onde a Natureza se possa restaurar — é possível [resolver o problema], mas ainda é preciso dar passos grandes”, alertou.

Isabell Kreuzeder sente que “muito mudou desde 2005”: “Hoje a consciência [para a problemática da poluição dos oceanos] é muito maior e têm sido postas em prática muitas ações a nível mundial, sobretudo na Europa, onde estamos sediados, temos visto alterações para o melhor”.

A ativista alerta que o problema “não é só o lixo”, e o coletivo alerta também para “a pesca em excesso ou os desastres marítimos”. “Quando se sai das zonas costeiras, onde as pessoas não veem o que se passa, ainda há muito trabalho a fazer”, disse.

A instalação “The Machine”, que levou seis semanas a ser feita, por uma equipa de quatro pessoas, estará em exposição na Praça do Campo Pequeno, em Lisboa, até 3 de março.