A procuradora do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora, que tem em mãos o atropelamento mortal na A6 que envolveu o carro do antigo ministro da Administração Interna, tinha previsto ouvir Eduardo Cabrita a 28 de março, segundo a Lusa, mas anulou a diligência por causa do adiamento da tomada de posse do novo Governo. Ainda assim, o levantamento da imunidade parlamentar de Eduardo Cabrita poderá ser decidido na próxima quinta-feira, dia em que reúne a Comissão Permanente, apurou o Observador.

Depois de uma intervenção hierárquica do diretor do DIAP que obrigou à reabertura do processo, depois de ser acusado apenas o motorista que conduzia o carro do Estado, a procuradora pediu ao parlamento o levantamento da imunidade de que o antigo governante ainda goza por ser deputado socialista. Na altura, a resposta do parlamento, assinada por Jorge Lacão, referia que a imunidade parlamentar iria cessar em breve, com as eleições e o novo Governo. “Com o início da próxima legislatura, o processo em causa poderá seguir a sua tramitação normal, não tendo, a partir dessa data, aplicação o estatuto dos deputados em matéria de levantamento de imunidade parlamentar”, escrevia o presidente da comissão.

Chefe de Segurança de Cabrita foi constituído arguido esta quinta-feira

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No entanto, com a repetição do ato eleitoral para todos os que vivem fora de Portugal e na Europa, e com o consequente adiamento da tomada de posse do novo Governo, é possível que a 28 de março Eduardo Cabrita ainda goze de imunidade parlamentar. Por isso a procuradora do processo, segundo a Lusa, cancelou a diligência. Porém, apurou o Observador, o levantamento da imunidade poderá ser já discutido na próxima quinta-feira. E se assim for, Eduardo Cabrita poderá ser notificado para comparecer no DIAP de Évora em breve, para ser constituído arguido à semelhança do que aconteceu com o seu chefe de segurança esta quinta-feira.

Eduardo Cabrita e chefe de segurança vão ser arguidos no caso do homicídio negligente na A6

Nuno Dias, da PSP, terá dito em sede de interrogatório como arguido que Eduardo Cabrita proibia os polícias responsáveis pela sua segurança de seguirem no mesmo carro que ele. Isto porque, segundo a Lusa, o Ministério Público solicitou à Unidade Especial da PSP o envio de cópia de relatórios onde é referida a indicação dada pelo então ministro Eduardo Cabrita de proibir a circulação de elementos da Polícia na sua viatura.

Nuno Dias seguia na segunda de três viaturas, estas alinhadas de acordo com o modelo de segurança por si definido. Marco Pontes, o motorista de Cabrita, que conduzia o carro que matou um trabalhador na A6 foi já acusado de homicídio por negligência.