A língua indígena Yagán corre o risco de desaparecer com a morte Chile da sua última falante, considerada tesouro vivo da Humanidade pela UNESCO em 2009.

Cristina Calderón morreu na quarta-feira aos 93 anos e levou consigo o idioma dos seus antepassados indígenas. Como parte do seu legado fica um dicionário que criou com traduções de Yagán para espanhol.

Depois da morte da sua irmã Úrsula em 2003, Cristina Calderón era a última pessoa no mundo a falar Yagán. Ainda assim, o dicionário deixado significa que a possibilidade de resgatar a língua permanece em aberto, avança o jornal The Guardian.

A minha mãe, Cristina Calderón, faleceu aos 93 anos. Lamento profundamente não estar com ela quando partiu. É uma triste notícia para o povo Yagán”, escreveu na rede social Twitter a filha da mulher, Lidia González Calderón.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, lamentou a morte de Cristina no Twitter salientando que “o seu amor, ensinamentos e lutas (…) viverão para sempre”.

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Conhecida como “avó Cristina” por vizinhos e pessoas próximas, Cristina Calderón tornou-se num símbolo de resistência cultural do povo indígena que durante seis mil anos habitou a Terra do Fogo, no extremo sul da América.

A mulher morava numa casa simples e ganha a vida a vender artesanato na Villa Ukika, cidade criada pelo povo Yagán nos arredores de Puerto Williams.

Sou a última falante de Yagán. Outros ainda entendem, mas não falam”, disse Cristina, a jornalistas que a visitaram em 2017, citada pelo jornal Santiago Times.

Embora ainda restem algumas dezenas de Yagáns no mundo, ao longo das gerações as pessoas da comunidade deixaram de aprender a língua, que com a morte de Cristina fica praticamente extinta.