O concelho de Abrantes conta atualmente com uma comunidade cigana de 210 pessoas, das quais 33,3% são estudantes, uma percentagem que tem aumentado nos últimos anos, resultado de um trabalho de integração social e de combate ao absentismo escolar.

O processo começou em 2011 com uma mediadora social e hoje conta com mais um mediador, ao mesmo tempo que o município de Abrantes, no distrito de Santarém, estabeleceu como objetivos a “promoção de uma cidadania ativa, a prevenção do absentismo e abandono escolar, a diminuição das taxas de retenção e o desenvolvimento de competências facilitadoras do sucesso escolar”, disse à Lusa a vereadora da Educação, Celeste Simão.

“Reconhecendo as necessidades particulares da comunidade cigana neste âmbito, com baixa instrução das pessoas idosas e população ativa, elevado absentismo das crianças e jovens em idade escolar e situações de abandono escolar precoce, a atuação desta equipa multidisciplinar foi ainda integrada com um projeto de educação parental, fundamentado na necessidade de reafirmar o apoio às famílias e o seu envolvimento no processo educativo”, deu conta a responsável.

Atualmente, contabilizou, estima-se que a população cigana residente no concelho integre 210 pessoas, das quais 53,3% do sexo masculino e 46,7% do sexo feminino, uma leitura que permitiu ao município desenhar uma estratégia de atuação.

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“Percebemos que se trata de uma comunidade jovem, em que 52,6% das pessoas têm idades abaixo dos 24 anos e 41,4% estão em idade ativa, e que, deste total, 36,2% são pessoas casadas e/ou em união de facto”, disse Celeste Simão.

Ao nível da escolaridade, 51,2% concluiu o 1.º ciclo do ensino básico e 27,3% tem habilitações acima do 2.º ciclo até ao ensino secundário, “um número que tem vindo a crescer exponencialmente nos últimos anos”.

Para a responsável, “um dos resultados mais expressivos do trabalho de mediação entre o município e a comunidade cigana ao longo dos anos” tem “vindo a ser conquistado na área da educação, com a redução significativa dos números de abandono escolar em idades precoces”.

A autarca destacou ainda o facto de “todas as crianças da comunidade cigana a partir dos 04 anos se encontrarem inscritas no ensino pré-escolar, reforçando uma ligação cada vez mais precoce com os espaços educativos”.

“Verificamos ainda um crescendo na aproximação dos encarregados de educação à escola, por meio da intervenção da equipa de mediadores como elo de contacto”, notou, destacando ainda a “monitorização permanente da assiduidade e acompanhamento prestado na mitigação do absentismo”.

A par destes resultados, o município tem “vindo a assistir a um crescendo de jovens da comunidade cigana que escolhe prosseguir” o ensino nos níveis de ensino superior e profissional, um sinal que interpreta como um “reconhecimento do valor da formação académica na conquista de objetivos pessoais e profissionais”.

Em termos gerais, acrescentou Celeste Simão, outro progresso foi o estabelecimento de uma “maior proximidade da comunidade cigana às organizações da sociedade civil e um consequente acesso facilitado aos recursos sociais disponíveis”, através da “partilha de informação e ações concretas de sensibilização das entidades para as necessidades específicas” desta comunidade, nomeadamente na “criação de respostas mais ajustadas, a par da integração da comunidade cigana no mercado de trabalho”.

De um ponto de vista mais global, concluiu, este trabalho “foi acontecendo em paralelo a um combate permanente sobre os fatores de discriminação, aliado a uma consequente melhoria no entendimento sobre as diferenças culturais que, sendo reconhecidas e compreendidas, têm vindo a transformar divergências em verdadeiros pontos de encontro”.