No Wolverhampton, o sucesso está a ser uma questão de família. À entrada para a jornada deste domingo, a equipa de Bruno Lage levava cinco vitórias nos últimos sete jogos para a Premier League e estava à beira de entrar na zona de apuramento para a Liga dos Campeões — sendo que tem menos dois encontros do que o Manchester United e o West Ham, dois dos concorrentes diretos nesta fase da classificação. E o treinador português não se esquecia do irmão, o adjunto Luís Nascimento, na hora de recolher os louros.
“Ele é diferente de mim, é mais sério. Fez o mesmo percurso que eu. Eu fui para o Benfica em 2004, ele foi em 2005. Trabalhámos juntos mas nunca nas mesmas equipas. Quando eu estava nos Sub-15, ele estava a trabalhar com os Sub-11. Mas a melhor coisa é que partilhámos experiências entre nós. Eu fui para o Dubai em 2012 e depois, quando estava com o Carlos [Carvalhal], se fazíamos um exercício novo ou tínhamos uma ideia nova, partilhava com ele e ele experimentava também com os miúdos. Da mesma forma, ele também partilhava experiências comigo. Quando eu deixei a equipa técnica do Carlos, ele convidou-o e foi muito bom. É um profissional de topo. Quando vim para o Wolves, pensei que precisava de mais uma pessoa e convidei-o”, explicou Bruno Lage, que está a trabalhar ao lado do irmão pela primeira vez.
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Luís Nascimento, três anos mais novo do que Lage, foi adjunto de Carlos Carvalhal no Rio Ave e está agora em Inglaterra. No Wolves, é conhecido como “Capitão”, uma associação à personagem Capitão Nascimento, o protagonista do filme brasileiro “Tropa de Elite”. Ao lado do irmão, Nascimento tem visto a armada portuguesa na Premier League subir de rendimento a cada jornada e somar resultados positivos a cada semana que passa — este domingo, era tempo de receber o Leicester.
Contra um conjunto de Brendan Rodgers que está fora do top 10 da classificação e que tem vindo a realizar uma temporada bem abaixo do expectável, Lage lançava José Sá, Nélson Semedo, Rúben Neves, Podence e João Moutinho no onze inicial — sendo que este último regressava à titularidade depois de não ter sido opção nos últimos dois jogos. Toti Gomes, Trincão e Fábio Silva estavam todos no banco de suplentes, onde também já aparecia Pedro Neto, jovem avançado que procurava os primeiros minutos depois de 10 meses de ausência devido a uma lesão grave no joelho. Do outro lado, Ricardo Pereira era titular na direita da defesa.
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O Wolves entrou praticamente a ganhar e abriu o marcador ainda dentro dos primeiros 10 minutos: Podence cruzou na esquerda, a defesa do Leicester não conseguiu aliviar e a bola sobrou para Raúl Jiménez, que assistiu de costas para a baliza e viu Rúben Neves atirar de fora de área, num misto perfeito de força e colocação, para bater Kasper Schmeichel (9′). Os foxes apostavam essencialmente no corredor esquerdo e na velocidade de Lookman, que era muitas vezes lançado no um para um contra Nélson Semedo, e ficaram perto do empate com duas oportunidades consecutivas e no mesmo minuto — Tielemans atirou cruzado para uma grande defesa de José Sá e o próprio Lookman, do outro lado, também rematou para uma intervenção apertada do guarda-redes português (13′).
A equipa de Bruno Lage ia beneficiando de vários pontapés de canto, ainda que sempre algo inconsequentes, e só ficou realmente perto de aumentar a vantagem através de um pontapé forte de Aït-Nouri que passou ao lado (24′). O jogo desenrolou-se com poucas oportunidades de golo e escassas aproximações à baliza, sendo muito disputado no meio-campo, e o Leicester acabou por conseguir chegar ao empate já perto do intervalo. Tielemans teve muito tempo para pensar, lançou Albrighton com um passe vertical e o médio inglês cruzou para a grande área, onde Lookman apareceu vindo da esquerda a desviar para a baliza (41′).
O jogo alterou-se muito pouco na segunda parte. O Leicester continuava com mais bola e maior presença no meio-campo adversário, assumindo um ligeiro ascendente na partida, e o Wolverhampton ia demonstrando pouca energia e criatividade para surpreender os foxes. Bruno Lage mexeu pela primeira vez já perto da hora de jogo, trocando Moutinho por Hwang Hee-chan para reformular o sistema tático para uma abordagem mais agressiva, mas o conjunto de Brendan Rodgers estava muito mais confortável no jogo e ia ameaçando o golo. Lookman rematou para mais uma defesa de José Sá (59′) e Tielemans atirou cruzado e ao lado (62′), deixando antecipar uma reta final de muito sofrimento para o Wolves. Valeu, contudo, a eficácia.
A cerca de 25 minutos do fim, aproveitando um lance em que Aït-Nouri desequilibrou pela esquerda, Podence apareceu à entrada da grande área e atirou forte e colocado para bater Schmeichel (66′). O avançado português estreou-se a marcar na Premier League esta temporada no primeiro lance de perigo que a equipa criou na segunda parte e carimbou mais uma vitória do conjunto de Bruno Lage, que mantém o bom momento e os seis pontos de distância para o quarto lugar do Manchester United, que tem mais dois jogos. Num encontro em que Pedro Neto voltou 10 meses depois e ainda cumpriu 10 minutos, o Wolves venceu o Leicester cinco confrontos depois e continua a mostrar que é uma família portuguesa, com certeza — de Bruno Lage a Luís Nascimento, de Rúben Neves a Daniel Podence.
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