A Herbert Diess coube a difícil tarefa de dar a volta ao Grupo Volkswagen, profundamente marcado pelo Dieselgate, conduzindo-o rumo à electrificação. Nessa fase começaram a surgir elogios à Tesla, pela estratégia seguida na concepção e produção de veículos eléctricos, com o gigante alemão a adoptar soluções similares que aproximaram Diess do CEO da Tesla, Elon Musk. Mas depois de anos de um alinhamento quase total, eis que surge um desalinhamento em relação a uma nova tecnologia, que todos prevêem ser determinante num futuro próximo.

Em causa está a condução autónoma, ou melhor, está a forma de equipar os veículos para que possam prescindir de condutor. A esmagadora maioria da indústria automóvel – além da Google, com a sua divisão Waymo, que é apontada como a mais avançada neste domínio – aposta nos LiDAR (de Light Detection and Ranging), uma tecnologia que recorre a um emissor de raios laser para mapear tudo o que rodeia o veículo, permitindo-lhe assim “ver” o que está à sua volta e evitar obstáculos. Contra a corrente, em vez de LiDAR, a Tesla apostou em câmaras para “ver” o que se passa, defendendo que esta solução seria mais eficaz.

Para a condução autónoma, Diess afastou-se do rumo seguido por Musk e aposta no LiDAR. Defende o CEO da Volkswagen AG que não haverá veículos sem condutor sem o recurso à tecnologia que emite impulsos de laser. Diess admite que esta solução é cara, mas considera que não há alternativa melhor para fornecer informações ao sistema de condução autónoma.

Já Musk e o responsável pelo sistema de Inteligência Artificial da Tesla, Andrej Karpathy, argumentam que as câmaras de vídeo, que replicam o olho humano, conseguem garantir um desempenho superior. São ainda capazes de ler sinais de trânsito e identificar as luzes dos semáforos. Além disso, acrescentam, as câmaras permitem construir e armazenar mapas em alta definição, para alimentar o sistema de condução autónoma, com o seu desempenho na medição de distâncias a ser superior ao LiDAR quando as condições envolvem nevoeiro, poeira, neve ou chuva forte.

Independentemente das soluções preferidas por cada empresa, a evolução tecnológica não pára e se as câmaras de vídeo partiram com grande vantagem, por terem sido desenvolvidas há muito, os LiDAR continuam a evoluir, funcionando cada vez mais a distâncias superiores e com definição melhorada. E a tecnologia da Luminar é apenas o exemplo mais recente que, face aos LiDAR convencionais, promete medir 10 vezes mais longe e com 50 vezes mais definição.

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