Armas de fabrico suíço estão a ser utilizadas em zonas de conflito como o Iémen ou o Afeganistão, apesar das leis do país proibirem a exportação de armamento para países em guerra, indica um relatório publicado esta quarta-feira.

No documento divulgado pela Rádio Televisão Suíça (RTS), em colaboração com o diário NZZ e com a organização Lighthouse Reports, são levantadas dúvidas sobre o destino das armas fabricadas pela Suíça, o décimo quarto maior exportador mundial de armamento, segundo o Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo.

De acordo com a agência noticiosa espanhola Efe, os jornalistas viram vídeos e fotografias de conflitos nas redes sociais, analisando ao detalhe as armas visíveis neles, e descobriram que soldados sauditas deslocados para a guerra civil no Iémen utilizam espingardas Sig Sauer 551, fabricadas no nordeste da Suíça.

Este tipo de armamento foi entregue ao país árabe em 2009 e o parlamento helvético chegou a debater, posteriormente, uma possível suspensão das exportações para a Arábia Saudita, mas tal possibilidade foi recusada no ano passado.

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No Afeganistão, o relatório confirmou que aviões suíços Pilatus PC-12, inicialmente adquiridos pelos Estados Unidos, foram utilizados como veículos de reconhecimento para os bombardeamentos do exército afegão contra os talibãs. Estes poderão ter tomado o controlo de algum destes veículos depois da sua chegada ao poder em agosto passado.

Um ex-membro do Ministério da Defesa afegão assegurou aos meios de comunicação suíços que estes aviões, não considerados armamento militar no país europeu, eram utilizados para confirmar alvos de bombardeamentos contra os talibãs, embora em alguns desses ataques também tenha havido vítimas civis.

Por último, a investigação da imprensa suíça mencionou a exportação de 30 veículos blindados Piranha para o Brasil, teoricamente solicitados para uma missão de paz no Haiti, mas que na realidade acabaram por ser deslocados para o combate aos traficantes de droga nas favelas do Rio de Janeiro.

Alguns dos tanques foram modificados com torres armadas e também causaram vítimas civis, denuncia o relatório.