A União das Associações de Comércio e Serviços (UACS) vê com bons olhos as filmagens da plataforma Netflix na Baixa de Lisboa, por considerar que promovem a cidade e beneficiam os comerciantes, apesar dos protestos da junta de freguesia.

A presidente da UACS, Carla Salsinha, afirmou que a posição dos comerciantes “é obviamente favorável” às iniciativas que promovam a cidade, que “só beneficiam o setor do comércio”, embora compreendam “as legítimas” preocupações do presidente da Junta da Freguesia de Santa Maria Maior.

“Não há reação nenhuma negativa de nenhum dos empresários que estão na zona onde vão ser as filmagens. Pelo contrário, entendemos que este tipo de iniciativas, e em particular a Netflix, que é uma plataforma que cada vez tem uma projeção maior, nos ajudará seguramente a promover a cidade e a promover também as próprias zonas da cidade“, disse, em declarações à Lusa.

A dirigente destacou que tem havido um esforço da Câmara Municipal de Lisboa ao longo dos últimos executivos para trazer para a cidade de Lisboa este tipo de iniciativas e considerou que todos os presidentes de junta deveriam estar “desejosos que essas filmagens ocorressem nas suas próprias freguesias“.

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Carla Salsinha acrescentou que o benefício que estas filmagens trazem para a imagem da cidade e dos bairros onde ocorrem “supera largamente esse pequeno incómodo” para os moradores.

“Só podemos estar um bocadinho apreensivos com a posição do senhor presidente da junta. Compreendemos que é legítima a preocupação dos moradores, mas eu também acredito, e tendo em consciência os bairros que são, que os próprios moradores também se sentirão motivados por terem este tipo de iniciativas na sua própria freguesia, porque é um orgulho”, considerou.

A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa, manifestou-se contra a autorização de filmagens na zona durante “oito noites seguidas”, previstas para julho, por considerar que penalizam o direito ao descanso e a mobilidade dos moradores.

“São filmagens noturnas que implicam fecho de quarteirões, de ruas inteiras, alterações de tráfego, que implicam ruído, cenas de tiros, carros a bater, perseguições de motos em escadas, que achamos muito difícil de concretizar […], até pelo mau exemplo que darão às pessoas, portanto estamos preocupados”, afirmou o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho (PS), referindo que o plano previsto é de “oito noites seguidas”, entre as 18h00 e as 8h00.

O autarca salientou perceber que as filmagens são “uma circunstância excecional“, com “retorno financeiro muito grande para a autarquia de Lisboa“, mas contesta que o executivo da junta tenha sido excluído do processo de autorização deste plano de filmagens noturnas apresentado pela produtora Ready to Shoot, numa produção para a Netflix.

Freguesia lisboeta contra filmagens da Netflix durante 8 noites seguidas com “cenas de tiros e carros a bater”

A expectativa de Miguel Coelho é que a Câmara de Lisboa, presidida pelo social-democrata Carlos Moedas, “procure, naturalmente, sensibilizar os produtores para redimensionarem o projeto, sobretudo o período de filmagens em Santa Maria Maior”, com uma eventual distribuição por outras zonas da cidade.