Quando o encontro acabou, nem foi preciso Sérgio Conceição chegar à zona de entrevistas rápidas (e depois à conferência) para perceber que a receção do FC Porto ao Gil Vicente, que acabou com um empate apesar da vantagem numérica desde os 2′, não tinha deixado grandes recordações. E foi mesmo o técnico que assumiu a palavra na habitual “roda” após o encontro, com um discurso visivelmente irritado apesar das três bolas nos ferros no segundo tempo entre outras oportunidades falhadas que não desfizeram a igualdade.

Este é o tempo dos heróis sem nome (a crónica do FC Porto-Gil Vicente)

“Entrámos bem no jogo mas a expulsão acho que foi a pior coisa que podia ter acontecido à minha equipa porque deixámos isso, a chegar muitas vezes mas não da melhor forma. Definimos mal no último terço, houve situações ali em que a finalizar não tivemos êxito, uma mão cheia de cantos não tão fortes como é habitual… Acho que descaracterizámos um bocado aquilo que somos enquanto equipa, mesmo no processo defensivo quando se joga contra uma equipa em inferioridade temos de respeitar o adversário, porque o Gil Vicente é uma boa equipa, e o que são os princípios da equipa, a sua identidade. Quando deixamos de fazer um ou outro metro, depois temos dissabores destes”, começou por dizer na SportTV, no dia em que se tornou o segundo treinador com mais jogos no FC Porto, superando Artur Jorge e só atrás de Pedroto.

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“É claro que se formos ver as oportunidades de golo que criámos e as situações de golo que tivemos, claro que merecíamos ter ganho o jogo. Mas podíamos e devíamos ter feito mais, sobretudo na parte do discernimento para o que o jogo estava a precisar. Muitas vezes atacámos à pressa, não tendo o melhor discernimento até para desmontar uma equipa que se encontrou em inferioridade numérica e baixa o bloco”, salientou, entre mais elogios à época dos minhotos: “O Gil Vicente está a fazer um Campeonato acima da média, tem boas individualidades, uma equipa bem trabalhada mas poderíamos ter feito muito mais apesar de sermos uma equipa que normalmente condiciona muito aquilo que é a construção do nosso adversário”.

Pela primeira vez esta temporada, o FC Porto não conseguiu ganhar em encontros consecutivos, passando agora a ter os mesmo pontos perdidos em casa (neste caso de forma consecutiva, Sporting e Gil Vicente) do que fora. Com isso, a vantagem em relação ao segundo lugar manteve-se nos seis pontos na sequência do que foi o primeiro jogo de sempre em que os minhotos não perderam fora contra os dragões.

“Tivemos as nossas ocasiões, muitas ocasiões. Há jogos em que acontece assim, não deve acontecer porque queremos muito chegar ao fim no primeiro lugar e são também nestes jogos que é preciso com inteligência alguma tranquilidade de espírito. Houve alguns jogos em que não começámos da melhor forma, em que até começámos a perder mas conseguimos dar a volta porque temos qualidade nos diferentes momentos do jogo e hoje não estivemos tão bem como costumamos estar”, frisou Sérgio Conceição, que explicou ainda a entrada e a saída do brasileiro Galeno do jogo entre os 31′ e os 66′ por “falta de interpretação, falta de capacidade de assumir o 1×1 e por ter levado um toque que limitou em termos físicos”.

“Pensamos em nós, dependemos de nós, temos de pensar naquilo que não correu tão bem, cada um de nós, eu incluído, assumir a sua responsabilidade, os jogadores também dentro do balneário e trabalharmos em cima daquilo que se passou hoje”, concluiu o treinador dos azuis e brancos.